Política e Gestão.


Marcos César Alves Silva
Analista de Correios Senior

O texto a seguir foi produzido especialmente para os trabalhadores dos Correios.

Durante a campanha para as eleições ao Conselho de Administração, fizemos questão de sempre destacar em nossa comunicação que não éramos políticos nem líderes sindicais. Neste texto, procuraremos explicar porque mencionamos que não éramos políticos - como fizemos pessoalmente a diversos colegas que nos perguntaram a respeito - porque isso nos parece importante.
 
Não somos contra a política e os políticos e muito menos contra o sindicalismo e os sindicalistas. Pensamos apenas que cada coisa tem o seu devido lugar e que isso deve ser respeitado, sob pena de haver prejuízos para todos – Empresa e trabalhadores.
 
Explicaremos melhor.
 
Nas inúmeras vezes em que fui escolher uma equipe ou um colaborador para um trabalho, nunca perguntei se ele era filiado a algum partido político e menos ainda a qual deles, simplesmente porque isso era (ou deveria ser) irrelevante. O importante era saber o conhecimento, a experiência e a disposição do candidato em enfrentar o novo desafio.
 
O que ele fazia fora da Empresa em termos de vinculação político-partidária e seu alinhamento ideológico não interessavam. E foi assim que tive o privilégio de liderar equipes motivadas e competentes e de contar com colaboradores igualmente eficazes.
 
A lição que me ficou foi de que o limite para a identidade política e para os vínculos com a política partidária deve ser a porta da Empresa.
 
Hoje, percebo, em algumas situações, que os vínculos político-partidários sobrepujam a escolha técnica, a meritocracia, e colegas são alçados a posições para as quais não estão preparados nem seriam tecnicamente as melhores escolhas, apenas porque são “alinhados politicamente”.
 
Ouvi com muita tristeza o relato de um colega mais experiente sobre ter perguntado a três outros colegas mais jovens: como procederiam se quisessem ser promovidos? E os três responderam, convictamente, que começariam se filiando a um partido político.
 
Isso se caracteriza como um desvio de conduta organizacional a ser corrigido urgentemente, pois numa empresa os trabalhadores devem saber que serão reconhecidos por seu trabalho, por sua dedicação, por sua competência e não por suas ligações político-partidárias.
 
Esse posicionamento será o que defenderemos sempre em nossa atuação no Conselho de Administração, pois está em linha com nosso pensamento, com nossa experiência e com nossas convicções.

13 comentários:

  1. Marcos,

    Excelente texto, esperamos convictos de que idéias como essa voltem a ser as alavancas propulsoras da nossa Empresa e suas futuras coligadas, controladas etc.

    Milton Lucas

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezados colegas, concordo plenamente com a posição do autor do texto e de seu comentário, mas estamos longe de vermos isso acontecer não somente aqui em nossa empresa mas nas outras que estão na mira do governo, pois sabemos que elas com seus cargos e funções (com remunerações polpudas) são moeda de troca em alianças partidárias.
      Porém espero um futuro melhor e que se faça valer (como valor) a meritocracia.

      Silvio

      Excluir
  2. REalmente espero que isso aconteça, pois o que vejo hoje nos Correios são pessoas trabalhando desmotivadas, pois sabem que os melhores lugares já estão reservados para os partidários, sem termos chances de galgar posições melhores dentro da empresa mesmo que nos esforcemos ao máximo. É triste sair para trabalhar sem termos uma perspectiva para a vida, sem termos a esperança de conseguirmos algo melhor através de nossa dedicação extrema ao trabalho. Espero realmente que isso mude.

    ResponderExcluir
  3. Essa questão de indicação política sempre teve na nossa empresa ou se foi neste governo ou nos governos anteriores, os bens relacionados sempre se deram bem nunca foi questionado se eram bons tecnicamente ou não.

    ResponderExcluir
  4. Independente de ter havido ou não indicações políticas anteriormente, isso não pode ser usado para justificar a proliferação de novas ocorrências.Não dá para usar o raciocínio de que se faz hoje porque outros fizeram anteriormente. A politização é algo extremamente nefasto para a ECT e precisa ser combatido diuturnamente, para dar espaço às boas práticas de gestão.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Apoiado!

      Angelina Ribeiro de Sousa.

      Excluir
    2. Marcos, por isso votei em sua chapa. Pela identificação de postura e modo de agir e de atuar!

      Angelina Ribeiro de Sousa

      Excluir
    3. Perfeito!
      Não é porque os outros fazem ou fizeram bobagem que vamos começar a fazer também!
      Ética e princípios morais devem ser nosso exemplo e nosso legado!

      Excluir
    4. Se antigamente a gestão era de forma indevida, como é hoje com ingerencias políticas já estava errada, só que este erro na atualidade é muito mais grave porque vivemos hoje em regime de concorrência plena nas atividades que garantem a sustentabilidade futura dos Correios(encomnendas, banco postal, e comunicação por celulares), postagem de correspondência não sustenta a ECT, infelizmente ou felizmente, vai depender das gestões. Se não tivermos mudanças rápidas dos negócios e produtividade, vai ser uma vez uma ECT. E a motivação dos empregados andam muito embaixa. A empresa tem que olhar mais para dentro, do que vender para fora o que não é internamente. Tem que ter pessoal qualificado e que apresentem resultados nos cargos de gestão, cuidado com indicações somente internas, porque temos muitas que são fracas em resultados. Porque o problema salarial dos Correios é problema sem solução. Precisa-se agir rápido, caso contrário tudo vai ser ocupado pelo setor privado. Múcio Melo - DR/PE.

      Excluir
  5. Marcos, concordo plenamente com você que devemos combater esta prática nefasta, mas é muito complicado quando se houve um Supex falar ao celular que quer trazer duas pessoas de Bauru para a ECT e para nós que realmente trabalhamos na Empresa há tanto tempo não tem orçamento para aumentar nosso salário ou função. Esta situação é revoltante.

    ResponderExcluir
  6. Marcos César. Meus parabéns pela sua iniciativa em trazer o assunto meritocracia para o debate claro e transparente não só entre os funcionários dos Correios mas principalmente no Conselho de Administração e não tínhamos dúvida nenhuma de que poderíamos contar com a sua atenção para puxar este debate e quem sabe barrar o aparelhamento político que vem ocorrendo na ECT. Minha opinião é de que a indicação política/sindical é nefasta para a Empresa pois pretere e acaba com o sonho de milhares de ecetistas, que estudam e buscam um melhor preparo dia a dia passando noites de sono e de cansaço e o que todos esperam é que os critérios sejam transparentes e que dessem oportunidades iguais a todos e não somente a quem tem vínculos políticos/sindicais. O aparelhamento está se espalhando pela Empresa de forma gritante e este processo precisa ser cessado pois não é esta ECT que a população brasileira quer ter e sim uma empresa moderna e que tenha boa qualidade de serviços e não a qualidade mediana e os atrasos que ocorrem no momento.
    Gostaria de pedir às pessoas que estão opinando que identifiquem e citem seus nomes e não fiquem anônimos pois o debate deve ser feito de forma aberta e direta para quem sabe um dia alcançarmos um modelo justo de promoção funcional e que recompense os empregados que lutam por uma melhoria de grau escolar e de preparo para as novas funções. Designar uma pessoa só porque tem filiação a um partido que está no governo ou porque é Sindicalista é preterir todo um corpo funcional onde temos centenas de colegas que merecem uma oportunidade mas que ficarão impedidos a vida toda.
    Gostaria de saber porque a FENTECT e os Sindicatos, ainda não se pronunciaram sobre este aparelhamento e é preciso que mostrem sua opinião para que os Ecetistas saibam o que pensam os seus representantes. O único Sindicato que se pronunciou até o momento foi o SINTECT de São José do Rio Preto que me disse que é contra o aparelhamento da Empresa e que vai entrar com ação na justiça mas cadê os demais ? Pedimos que se pronunciem. Ou será que concordam com esta politica nefasta e estão encaminhando suas indicações também para que a ECT os designem? É triste ver que pessoas que antes comandavam SINTECTs e a FENTECT agora tem altos cargos na ECT e nunca mais apareceram em assembleias para lutar por seus comandados ? Será que é este sindicalismo que queremos que nos represente ? Me lembro de um sindicalismo da época do regime militar comandado pelo Joaquinzão que foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de SP e foi considerado o sinônimo de peleguismo pois andava junto com o governo e é o que estamos vivendo agora com grande parte deste sindicalismo que atua de mãos dada com o governo e o que pede cargos ao governo somente para os seus Diretores. Estou fazendo carta ao Ministério Público Federal, ao TCU, CGU, OAB pedindo abertura de processo para investigar estas designações e espero que os responsáveis sejam chamados a dar explicações e se ficar caracterizado má gestão deles que sejam punidos com as penas da lei. Será que o que ocorre na Petrobras é mera coincidência onde aquela Empresa tem contabilizado milhões de dólares em prejuízos devido os maus investimentos e se desvaloriza cada dia que passa ? Claro que não é mero destino pois esta situação é o resultado da indicação política nos cargos naquela Empresa onde os indicados esquecem os compromissos com a Empresa e com os funcionários e só buscam o retorno político para o seu padrinho e não há empresa que dure muito tempo com estas práticas de gestão. Não podemos permitir que os Correios trilhe este caminho e todos deverão se pronunciar, pois a Empresa foi construída com muito suor e trabalho de muitos ecetistas. Um ponto importante é que as pessoas que estão sendo substituídas busquem seus direitos na justiça. Edgard de Aguiar Cordeiro Ribeirão Preto/SP.

    ResponderExcluir
  7. PEC limita representação em conselhos de estatais a servidor efetivo

    Simone Franco | 23/09/2014, 17h03 - ATUALIZADO EM 23/09/2014, 18h59

    A participação de servidores em conselhos de empresas ou entidades em que o Poder Público detenha cotas no capital social poderá se limitar aos ocupantes de cargo efetivo, em exercício no mínimo há cinco anos. A restrição é o foco da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2008, do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), pronta para ser votada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

    Ao justificar a iniciativa, Jarbas alertou para “uma invasão de pessoas alheias ao serviço público” nos quadros do funcionalismo. Segundo ele, postos “estratégicos” nos conselhos administrativo e fiscal de estatais se reduziram a “recantos de acomodações de interesses pessoais ou partidários”.

    “O grau de conhecimento, eficiência e comprometimento desses agentes é muito menor do que se poderia obter se essas posições fossem reservadas a agentes públicos concursados e com um tempo mínimo de exercício”, argumenta.

    Sensível às ponderações de Jarbas, o relator, senador Alvaro Dias (PSDB-PR), considerou um clamor antigo a estruturação de uma administração pública profissional e orientada pela qualificação técnica na escolha de seus dirigentes.

    “A proposta, caso seja aprovada, contribuirá para que o planejamento e a execução das ações de médio e longo prazo das empresas estatais não sofram descontinuidade decorrente da nomeação de representantes governamentais vinculados a interesses partidários”, observou Alvaro.
    Emendas

    Apesar de concordar com o conteúdo da PEC 3/2008, o relator apresentou duas emendas com ajustes ao texto original. A principal alteração em ambas foi eliminar as expressões “servidores públicos concursados ou empregados públicos concursados” na definição dos representantes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios nas respectivas empresas e entidades com participação no capital social.

    Alvaro avaliou ser mais adequado juridicamente o uso da expressão “servidor público efetivo”. Por outro lado, manteve a exigência da PEC 3/2008 de que o indicado esteja em exercício no cargo público efetivo por, pelo menos, cinco anos.

    Se for aprovada pela CCJ, a PEC 3/2008 passará ainda por dois turnos de discussão e votação no Plenário do Senado antes de seguir para a Câmara dos Deputados.

    Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
    http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2014/09/23/pec-limita-representacao-em-conselhos-de-estatais-a-servidor-efetivo

    ResponderExcluir
  8. Atualmente em algumas situações, que os vínculos político-partidários sobrepujam a escolha técnica, , e colegas são alçados a posições para as quais não estão preparados nem seriam tecnicamente as melhores escolhas, apenas porque são “alinhados politicamente”, Muitos colegas foram tirados de suas funçoes, e hoje estão ociosos em alguma sala da Empresa, sem contribuir com sua experiencias , em algum Setor da Area de Atendimento ou Operacional, onde a falta de pessoal no trabalho é acima do normal.

    ResponderExcluir