sexta-feira, 3 de junho de 2016

Privatização - o que pensa o conselheiro

Um dos temas mais sensíveis para os trabalhadores e para as representações sindicais é PRIVATIZAÇÃO.

Sempre que o assunto surge, os ânimos e os humores se alteram, porque em geral se enxerga nesse assunto uma ameaça para os empregos.

Nunca questionamos essa percepção, embora, em nossa visão, as características dos Correios tornem essa hipótese remota e improvável. Nesta postagem, procuraremos explicar melhor isso, assim como apontar qual é para nós a verdadeira ameaça que assombra a Empresa atualmente.

Os Correios possuem características peculiares que corroboram sua natureza pública, muito mais que outras estatais. A presença física e a entrega de correspondências e encomendas em todo o país, tratada como universalização do serviço postal, é a principal delas. Os Correios são claramente uma extensão da União, sua "longa manus", como costuma conceituar o judiciário, quando confere aos Correios imunidade tributária.

A prestação de serviços concorrenciais nos Correios é uma atividade que vem para equilibrar seus resultados, para permitir que a imensa infraestrutura necessária para prestar o serviço postal convencional funcione sem depender de aportes do Tesouro Nacional. Essa tem sido a lógica geral dos Correios no Brasil e a base de iniciativas como a Lei nº 12.490/11, que ampliou o objeto da Empresa, assim como permitiu sua atuação no exterior.

Os Correios são, portanto, uma empresa híbrida, que tem uma forte e onerosa missão social e que, simultaneamente, presta serviços em ambiente concorrencial, para rentabilizar sua infraestrutura. Equilibrada financeiramente, como esteve até bem recentemente, a Empresa é um grande exemplo de como o Estado pode se fazer presente, facilitando a vida das pessoas sem onerá-las com a necessidade de repasses do Tesouro Nacional.

O que ocorre atualmente, porém, é que, por razões variadas, como já tratamos em outras postagens, a Empresa passou a apresentar déficits, que chegaram, em 2015, a mais de R$ 2 bilhões de reais, consumindo rapidamente as reservas acumuladas nos anos anteriores. 

Nesse cenário de déficit, a gestão da Empresa passou a ser um fator crítico.

Não poderemos mais conviver por aqui com dirigentes que não sejam especialistas em suas áreas, que não apresentem rapidamente resultados concretos em termos de melhoria de receitas e de redução de despesas, pois uma estatal deficitária é um peso que o Estado tem sempre dificuldade de carregar.

Assim, como conselheiro, pensamos que a Diretoria Executiva dos Correios deve ter como objetivo, no mínimo, buscar o equilíbrio financeiro da Empresa.

Para o pessoal que está há mais tempo na Empresa, isso pode parecer simples - e deveria ser mesmo - pois vimos de um período em que os Correios acumulavam lucros a cada ano. Ocorre que isso mudou, agravado por fatores que não dependeram apenas da gestão da Empresa, como foi o caso do represamento das atualizações de tarifas, comprometendo as receitas, e do recolhimento excessivo de dividendos, diminuindo as aplicações e seus resultados.

Para mudar esse quadro, precisaremos, principalmente, de uma direção tecnicamente qualificada. Não contar com uma direção assim, ou, pior ainda, continuar contando com indicações políticas para dirigentes é a grande ameaça neste momento para a vida da Empresa, pois a situação de equilíbrio não será alcançada se os dirigentes não forem muito competentes. 

Não se trata de corporativismo e nem mesmo de defesa pura e simples dos técnicos de carreira, pois, embora sempre tenhamos dito que temos quadros excelentes na Empresa para cobrir todas as posições de gestão, imaginamos que eventualmente algumas posições possam ser confiadas a profissionais trazidos do mercado, desde que esses sejam especialistas no que vão fazer e tragam experiência e conhecimento novos para a organização. Não tem sido assim. 

Concluindo, acreditamos que a natureza das atividades da Empresa são marcantemente públicas, justificando plenamente sua existência como estatal, e acreditamos que, bem administrada, a ECT possa continuar sua história de sucesso por muito tempo. Mas consideramos necessário ressaltar que agora, mais do que nunca, os Correios precisam ser bem administrados, para o bem do Estado, da sociedade e também dos seus trabalhadores.

3 comentários:

  1. Que os correios precisão ser bem administrados é fato isso, porém é necessário q seja aplicada a responsabilidade de quem causa o desfalque, tem q corta não apenas na base como vem ocorrendo mas tb cortar no alto escalão porém infelizmente é uma coisa não acontece.

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  2. Uma das grandes dificuldades é atacar a origem do problema,quem são os responsáveis pela atual situação da empresa?E se descobertos,serão punidos?O rombo do Postalis,quem paga? Tudo o foi e o que for desviado da empresa,deve ser redirecionado para a mesma!!!

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  3. O que esperar de um governo que não cumpre a Lei nº 13.303/2016 e o seu Decreto regulamentador (nº 6.945/2016)? Se aqueles que deveriam dar o exemplo não o fazem, como esperar comprometimento em relação à recuperação dos correios? Só nos resta esperar até 2019 e rezar para que o povo faça a melhor escolha e que tenhamos voto impresso em todas as urnas eletrônicas, para não sermos enganados novamente.

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