Nas últimas semanas, em função das postagens feitas no blog sobre o tema, recebi alguns contatos de colegas reportando situações que demonstram continuar em curso na Empresa um endêmico processo de aparelhamento político-partidário. Um desses relatos mencionarei em linhas gerais nessa postagem, por acreditar que representa bem diversas outras situações ocorridas na Empresa.
No caso em apreço, um colega com histórico irretocável de desempenho e de bons trabalhos prestados e extremamente bem qualificado, com graduações, pós-graduações e até um mestrado estava sendo removido de sua função para "dar espaço" para a designação de outra pessoa, bem mais nova e inexperiente, mas "indicada" por alguém da administração central da Empresa.
Casos assim deveriam ser tratados como escandalosos, mas continuam acontecendo diariamente na Empresa. Basta um telefonema de uma autoridade e toda a estrutura da Empresa se curva para abrigar um indicado no lugar antes ocupado por alguém que nada fez de errado para merecer a perda de posição.
O caos instalado em nossa área de gestão de pessoas a partir de direções políticas que ali estiveram nos últimos anos se presta a criar o ambiente onde coisas assim podem acontecer sem que seus agentes sejam revelados e responsabilizados. Um Gerente não precisa entender nada da área que vai gerenciar, substituindo outro extremamente qualificado e experiente, assim como um Vice-Presidente não precisa entender nada do negócio ou das operações da Empresa. E assim, vamos seguindo num círculo entrópico que, se não for detido, acabará extinguindo a Empresa.
Em outras organizações, a escolha de lideranças, do topo à base, é feita de acordo com critérios técnicos, como, em certa medida, já aconteceu antes nos Correios. Nalgumas delas, comitês de seleção eliminam ou reduzem substancialmente a subjetividade das escolhas, posto que se consideram o histórico profissional, o desempenho etc na escolha dos melhores candidatos para cada vaga. Algo bem básico em qualquer manual de RH, que foi propositalmente "esquecido" ou "apagado" nos Correios, para permitir que os dirigentes de plantão e suas assessorias terceirizadas (ainda presentes na organização) fizessem literalmente o que quisessem por aqui, em desfavor dos bons trabalhadores, que só tentam fazer bem seu trabalho, sem recorrer a políticos ou padrinhos para buscar promoções.
Esperamos que o acionista ainda perceba os efeitos que o processo de aparelhamento político-partidário causa nos Correios e corrija isso, a tempo de evitar a irreversibilidade do quadro. As muitas vítimas desse processo nefasto anseiam por essa correção de rumos, cuja solução parece estar mesmo fora dos muros da organização.
Caro Marcos Cesar será que o acionista não sabe o que ocorre e seus efeitos para a organização?
ResponderExcluirInfelizmente não estamos vendo uma luz no fim do túnel. Quando Michel Temer assumiu a presidência, designou profissionais técnicos para o comando do Banco do Brasil e da Petrobrás, mas manteve designações políticas nos Correios. O câncer do aparelhamento continua e vai se alastrando na ECT, afundando ainda mais a empresa, o que é extremamento nocivo para a motivação dos muitos profissionais técnicos, competentes e comprometidos que há nos quadros da empresa.
ResponderExcluir