quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Ladrões de aposentadorias


Como tem acontecido nos últimos finais de meses, percorri hoje com os olhos meu contra-cheque e me fixei numa rubrica específica que ali se encontra: CONTRIBUIÇÃO EXTRA POSTALIS BD. Trata-se de contribuição extraordinária que os participantes do fundo BD saldado do POSTALIS terão que pagar por mais de 17 anos.

O desconto lançado não é pequeno. Me faz falta no orçamento mensal, como também acontece com os outros milhares de colegas, na ativa ou já aposentados, que estão sendo obrigados a pagar essa contribuição e que, em breve, serão convidados a aumentá-la, para cobrir novo déficit ocorrido em 2015, em função dos baixos rendimentos obtidos pelos ativos que compõem o fundo.

Pergunto-me até onde iremos com esse calvário que nos foi imposto por verdadeiros crimes cometidos contra nosso patrimônio, como já se noticiou muito na mídia. Quanto ainda teremos que pagar sem ver a justiça encontrar e punir os meliantes que nos colocaram nessa situação e também seus patrocinadores, políticos em altos postos da República?

No POSTALIS não fomos vítimas de administradores ineptos, que aplicaram mal nosso dinheiro. Fomos assaltados por pessoas convenientemente indicadas e protegidas por políticos e isso tem que ser passado a limpo logo, a tempo de os lesados ainda verem alguma justiça, com prisões sendo feitas e pelo menos parte dos recursos desviados sendo recuperada.

Deveria ser mais simples e rápido punir ladrões que enriqueceram às custas da dilapidação das aposentadorias de trabalhadores.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Vítimas do aparelhamento político-partidário

Nas últimas semanas, em função das postagens feitas no blog sobre o tema, recebi alguns contatos de colegas reportando situações que demonstram continuar em curso na Empresa um endêmico processo de aparelhamento político-partidário. Um desses relatos mencionarei em linhas gerais nessa postagem, por acreditar que representa bem diversas outras situações ocorridas na Empresa.

No caso em apreço, um colega com histórico irretocável de desempenho e de bons trabalhos prestados e extremamente bem qualificado, com  graduações, pós-graduações e até um mestrado estava sendo removido de sua função para "dar espaço" para a designação de outra pessoa, bem mais nova e inexperiente, mas "indicada" por alguém da administração central da Empresa. 

Casos assim deveriam ser tratados como escandalosos, mas continuam acontecendo diariamente na Empresa. Basta um telefonema de uma autoridade e toda a estrutura da Empresa se curva para abrigar um indicado no lugar antes ocupado por alguém que nada fez de errado para merecer a perda de posição.

O caos instalado em nossa área de gestão de pessoas a partir de direções políticas que ali estiveram nos últimos anos se presta a criar o ambiente onde coisas assim podem acontecer sem que seus agentes sejam revelados e responsabilizados. Um Gerente não precisa entender nada da área que vai gerenciar, substituindo outro extremamente qualificado e experiente, assim como um Vice-Presidente não precisa entender nada do negócio ou das operações da Empresa. E assim, vamos seguindo num círculo entrópico que, se não for detido, acabará extinguindo a Empresa.

Em outras organizações, a escolha de lideranças, do topo à base, é feita de acordo com critérios técnicos, como, em certa medida, já aconteceu antes nos Correios. Nalgumas delas, comitês de seleção eliminam ou reduzem substancialmente a subjetividade das escolhas, posto que se consideram o histórico profissional, o desempenho etc na escolha dos melhores candidatos para cada vaga. Algo bem básico em qualquer manual de RH, que foi propositalmente "esquecido" ou "apagado" nos Correios, para permitir que os dirigentes de plantão e suas assessorias terceirizadas (ainda presentes na organização) fizessem literalmente o que quisessem por aqui, em desfavor dos bons trabalhadores, que só tentam fazer bem seu trabalho, sem recorrer a políticos ou padrinhos para buscar promoções.

Esperamos que o acionista ainda perceba os efeitos que o processo de aparelhamento político-partidário causa nos Correios e corrija isso, a tempo de evitar a irreversibilidade do quadro. As muitas vítimas desse processo nefasto anseiam por essa correção de rumos, cuja solução parece estar mesmo fora dos muros da organização.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Banco Postal

Temos recebido inúmeras mensagens de colegas indagando a respeito do futuro do Banco Postal. Assim, para que todos conheçam nosso posicionamento pessoal sobre o assunto, trataremos disto, de forma bem resumida, nesta postagem.
Inicialmente, consideramos importante destacar que o segmento de serviços financeiros postais é muito importante para inúmeros correios do mundo, constituindo até mesmo a principal fonte de receita para alguns. Em média, de acordo com dados da UPU, o segmento responde por cerca de 17% das receitas das organizações postais. Não é, portanto, um segmento a ser deixado de lado.
No Brasil, algumas características do País tornam essa atividade ainda mais importante. A diversidade regional é uma delas. Temos municípios e regiões sem agências bancárias, nas quais o banco postal exerce um papel muito importante para a vida das pessoas, que, sem ele, teriam que se deslocar até outras localidades para receber seus proventos e benefícios, consumindo tempo e dinheiro nesse processo, sem contar o fato de que a presença do banco postal sempre dinamiza a economia local.
Quanto à forma de atuação, pensamos que o modelo de parceria com um banco (correspondente bancário) seja uma delas, mas não a única viável. Em outros correios há operações diretas (os correios possuem um banco ou são sócias de um) ou então a prestação de serviços para diversos bancos, como acontece, por exemplo, na Austrália. Certamente, o mais simples seria continuar como correspondente bancário, devido à experiência acumulada, mas não descartaríamos a possibilidade de a Empresa vir a explorar outras alternativas no futuro. 
Com relação aos problemas operacionais vividos pelo banco postal, como assaltos, por exemplo, entendemos que se trate realmente de uma questão que precisa ser enfrentada, principalmente com a articulação das diversas instâncias de segurança pública, posto que se trata de uma problemática que abrange não só o banco postal, mas os próprios bancos e outros estabelecimentos comerciais. Tomar esses problemas como causa para, por exemplo, desativar o banco postal, nos parece um caminho ruim, que acabaria inviabilizando economicamente inúmeras agências e, por consequência, os resultados da Empresa e uma de suas características estrategicamente mais valiosas, que é a presença nacional.    
Esperamos que a Empresa supere logo a atual etapa de indefinição quanto à parceria e possamos concentrar esforços no atendimento dos clientes que preferem fazer suas transações bancárias em nossas agências, por se sentirem mais em casa por aqui ou por verem mais conveniência nisso.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Informe sobre reuniões do dia 23/11

Encaminhamos hoje aos colegas nosso informe sobre a 10ª reunião extraordinária e a 11ª reunião ordinária do Conselho de Administração.

Você pode ler a mensagem neste link.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Indicações políticas e a deterioração da gestão

Recebi hoje a mensagem de um colega mencionando a substituição, por indicação política, de um gestor altamente qualificado para a função que exercia. O colega mencionou expressamente o seguinte: "Durante toda sua campanha na primeira e segunda eleição, foi colocado de forma clara que iria trabalhar visando corrigir as indicações políticas dentro da Empresa, mas não é o que está ocorrendo. Em todo Brasil continuam os desmandos com o interesse público, principalmente nos Correios."
Respondi ao colega que não foi só durante a campanha que tratei desse tema, que tenho abordado esta questão em reuniões do Conselho de Administração, em entrevistas e também em postagens aqui no blog.
Não tenho dúvida de que o aparelhamento político-partidário é a grande causa dos maiores problemas enfrentados pela Empresa. E também nenhuma dúvida que se trata de uma verdadeira doença corporativa que precisa ser extirpada dos Correios e de outras estatais brasileiras.
Um técnico qualificado e competente jamais deveria ser substituído por outro "indicado". Corretos estão os colegas que, ao ver isso acontecer, se revoltam. 
Uma empresa precisa ter mecanismos claros e justos de seleção e de avaliação de gestores. Isso não pode ficar apenas nas mãos de uma chefia superior, que, em muitos casos, é já uma indicação política.
Espero que o colega que me escreveu e os outros que se preocupam com este assunto não tenham dúvida de que esta é uma batalha da qual não nos afastaremos. O aparelhamento político-partidário dos Correios tem que ser erradicado, custe o que custar! 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Código Brasileiro de Governança Corporativa para Companhias Abertas


Entre outras inovações, o novo código traz o princípio do "pratique ou explique", ou seja, não exige que as companhias sigam determinadas recomendações mas obriga que elas justifiquem seus motivos para o não cumprimento dessas. Com isso, se busca ampliar a transparência das companhias e permitir que os investidores possam avaliar as empresas com mais informações em mãos e aceitarem ou não as explicações fornecidas pelas companhias. 

O código foi elaborado por um Grupo de Trabalho Interagentes que reuniu onze das mais importantes entidades relacionadas ao mercado de capitais (ANBIMA, ABRAPP, ABRASCA, ABVCAP, AMEC, APIMEC, BM&F BOVESPA, BRAIN, IBGC, INSTITUTO IBMEC e IBRI, além de BNDES e CVM como entidades observadoras). E teve como objetivo fortalecer as práticas de governança corporativa nas empresas e nas estruturas de proteção dos acionistas. Agora está sendo incorporado à regulação da CVM - Comissão de Valores Mobiliários, a exemplo do que já ocorre em outros países.

Embora a Empresa (Correios) não seja uma companhia aberta, pode encontrar em instrumentos como este importantes indicações de medidas adequadas para aperfeiçoar sua governança corporativa.

Leia o código aqui.

domingo, 6 de novembro de 2016

O aparelhamento político-partidário dos Correios e a queda dos resultados empresariais

Quando o Governo Federal confia uma estatal a um grupo político, como tem acontecido sistematicamente com os Correios e com outras estatais brasileiras, coloca em risco a própria sobrevivência da organização, pois a gestão de um grande empreendimento demanda um conjunto de qualidades que não são comuns a políticos, mas sim a gestores devidamente qualificados e experientes.
Urnas eleitorais nos permitem escolher representantes para legislar, para nos representar no Congresso, o que é muito diferente do cotidiano de uma grande empresa, que demanda de sua direção outras qualidades, conhecimentos e experiências. 
Ex-parlamentares podem falar bem, ter boas relações no Congresso ou no Governo Federal, mas o que isso tem a ver com a direção ou com o assessoramento superior de uma estatal, que é uma grande empresa como outra qualquer, com demandas de decisões relacionadas a negócios, operações e administração?
Uma estatal precisa na verdade de bons gestores, bem contratados, treinados e sistematicamente avaliados. Não precisa de políticos nem de seus indicados, que furam filas para ocupar posições que tecnicamente deveriam ser confiadas a outros.
Ignorar isso e "entregar" a estatal a um partido ou a um grupo político acaba produzindo um quadro como o que se instalou nos Correios nos últimos anos, com resultados decrescentes em todos os aspectos. E chega a ser ofensivo para os trabalhadores ouvir cada político ou indicado se apresentar como o "salvador da Pátria", que chega para "tirar a Empresa do buraco", quando, na verdade, em geral nem condições técnicas possuem para somar esforços ao que já vem sendo feito.
Um caso emblemático que ocorre em paralelo nos mostra que, com vontade, é possível mudar essa história. Falo da PETROBRAS, que, em poucos meses, deixou de ser um "caso perdido" e tem reconquistado a confiança do mercado com decisões tecnicamente balizadas e sem interferência política na gestão.
O mesmo remédio cabe nos Correios. E o Governo Federal deveria saber disso.