É relativamente comum pessoas que não conhecem os negócios e a história dos Correios mencionarem o fato de não receberem ou enviarem cartas pessoais há muito tempo como uma indicação de declínio dos negócios postais tradicionais. Isso não corresponde exatamente à verdade como veremos a seguir.
Primeiramente é necessário observar que o percentual de cartas pessoais no volume total de postagens é pouco expressivo há décadas. Mesmo antes da popularização do e-mail e do celular, ainda no século passado, as cartas pessoais já eram raras no tráfego postal. Estimávamos esse percentual em menos de 5%, mas a prática nos mostrava que esse número já era bem menor.
Por outro lado, o tráfego total de cartas cresceu continuamente nesse período, devido a vários fatores, incluindo o próprio desenvolvimento do país, o aumento das bases de assinantes de serviços de telefonia, de portadores de cartões de crédito etc.
Mais recentemente, em função principalmente da situação da economia, esse volume passou a sinalizar uma inflexão. Certamente, contribuiu para isso também o efeito da substituição tecnológica, que existe mas tem sua dimensão, pois há muitos clientes que preferem ainda receber seus extratos e contas em papel, a ponto de, quando isso não acontece, imprimirem esses documentos.
Este fato de os clientes enxergarem valor na comunicação em papel não deve, porém, impedir os Correios de explorarem também outras formas de comunicação, de natureza eletrônica ou híbrida, a exemplo do que já era feito há muito tempo como o telegrama. Como terceira parte confiável bem conhecida, os Correios têm naturalmente a possibilidade de oferecer outras maneiras de as empresas e clientes se comunicarem, sabendo que contarão com o sigilo e a segurança tradicionais.
E, quanto às cartas pessoais, imagino que a sua raridade seja uma interessante oportunidade para quem quiser causar um grande impacto, o que dificilmente conseguiria com um e-mail, SMS ou mensagem instantânea, recebidos hoje às centenas pelas pessoas. Que tal tentar?
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