Nos últimos anos, assistimos na Empresa a um processo nefasto de aparelhamento político-partidário que minou os valores empresariais, desmotivou as pessoas comprometidas com a organização e favoreceu a proliferação de apadrinhamentos e a desprofissionalização da gestão.
Este tema já foi amplamente mencionado em diversas postagens aqui no blog; infelizmente, porém, esta questão parece estar ainda bem presente na Empresa, como demonstram mensagens recebidas de colegas denunciando os efeitos nocivos dessa prática.
Uma dessas mensagens, recebidas na semana passada, trazia a seguinte informação:
"Ontem, tivemos aqui em Sergipe a troca do gerente da postal saúde. Saiu um empregado da empresa, com ampla experiência profissional e entrou um ex-prefeito e ex candidato a vereador, da cidade de Carira/SE, que inclusive responde a processos por compra de votos nas eleições de 2010, aumentando ainda mais as nossas despesas."
Ainda sobre a Postal Saúde, outras mensagens anteriores de colegas davam conta de dezenas de contratações feitas de forma semelhante, em passado recente, pelo partido que então "mandava nos Correios".
Nenhuma organização resiste por muito tempo a um processo assim e os Correios já apresentam sinais de exaustão. Isso está espelhado nos resultados da Empresa e de suas entidades patrocinadas - POSTALIS e POSTAL SAÚDE, demonstrando que, se esse processo não for modificado logo, não haverá esperança para nenhuma dessas entidades, pois o aparelhamento político é como uma doença infecciosa grave que se propaga com velocidade e debilita gravemente as organizações públicas onde se instala, incluindo as estatais. Os Correios não escaparam dessa infecção e seus sintomas já indicam que, se não for tratada logo, essa infecção nos levará, usando um paralelo médico, a um quadro de septicemia, sem possibilidade de reversão.
Isso pode ser evitado? Talvez sim, se o Governo Federal perceber logo que o mesmo remédio que vai salvando a PETROBRAS e o BNDES precisa ser aplicado aos Correios. A fórmula da profissionalização da gestão, do topo à base, e da eliminação da interferência política na gestão de estatais já está sendo adotada com sucesso em outras Instituições como as citadas, as quais também padeceram de má gestão nos últimos anos. Isso pode funcionar também nos Correios.
Nos parece lógico, para não dizer óbvio, que se deva, por exemplo, escolher líderes por suas qualificações, competências e desempenhos apresentados e nunca pelos relacionamentos mantidos com políticos ou por indicações recebidas (o que macularia os princípios da impessoalidade e moralidade que regem a administração pública). Ou que entidades como a POSTAL SAÚDE devam ter estruturas bem enxutas, preenchidas com pessoal devidamente selecionado e com remuneração apropriada às atividades desenvolvidas, tudo administrado com rigoroso controle de custos e respeito aos valores empresariais, especialmente a MERITOCRACIA.
O remédio para a herança maldita deixada nos Correios está, portanto, à mão do acionista, o Governo Federal, que pode aplicá-lo e salvar a Empresa, como já está fazendo com outras instituições, ou deixá-la entregue à própria sorte, caminhando para o abismo, aprisionada pelo processo destrutivo do aparelhamento político-partidário que mina a saúde e os resultados de uma estatal que já foi referência mundial.
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