A importância de um membro eleito para o conselho de administração
Quando assumi a posição de primeiro membro do conselho de administração dos Correios eleito pelos trabalhadores, em 2013, ladeado por meu suplente Carlos Alberto de Souza Barbosa, refleti bastante sobre como exerceria esse cargo que era, então, uma novidade na administração pública brasileira.
De imediato, assumimos algumas premissas que seguimos ao longo da duração de nosso mandato, entre as quais destacamos: a) representaríamos todos os trabalhadores e não apenas alguns; estaríamos, portanto, à disposição para conversar com todos, incluindo as representações; b) nossa atuação era apartidária; defenderíamos a Empresa e seus trabalhadores e não um partido ou coisa assim; c) manteríamos nossos representados muito bem-informados sobre as decisões do colegiado superior da Empresa.
Ao longo dos dois mandatos em que estivemos no conselho, seguimos essas premissas e os trabalhadores dos Correios não só tiveram acesso quase que imediato às decisões do CA, por meio de nosso blog e por e-mails, como contaram no colegiado com um representante que detinha, dentre todos os membros, o maior conhecimento sobre a organização, seus negócios e operações, além de experiência sólida em posições de gestão nos Correios.
Agora, quando se desenvolve mais uma eleição para o CA dos Correios, reflito sobre o trabalho que desenvolvemos e como ele foi importante em muitos momentos, para reposicionar decisões estratégicas, apoiar iniciativas importantes das áreas técnicas e esclarecer dúvidas de nossos representados. Não sei se os trabalhadores têm ideia da importância daquela única cadeira que é necessariamente ocupada por um trabalhador, a ponto de perceberem que não se trata de um cargo político ou coisa do gênero, que possa ser exercido com êxito por qualquer pessoa desde que simplesmente reúna os votos necessários.
Sem conhecimento, experiência e coragem, um conselheiro eleito pelos trabalhadores não conseguirá valorizar a posição, na qual terá muitas vezes que defender posições contrárias às defendidas pela administração da Empresa, representada por seu Presidente, e até pelo Governo Federal. Durante nosso mandato, não raras vezes, tivemos embates com Ministros de Estado e outras autoridades nas reuniões do CA. Noutras ocasiões, somamos esforços com eles para defender e fortalecer posicionamentos que entendíamos adequados e necessários. Isso só foi possível porque reuníamos, de fato, as características e a segurança necessárias para exercer o cargo.
Nessa eleição que se aproxima do final, torço para que os trabalhadores dos Correios escolham um conselheiro que possa representá-los adequadamente no CA, com competência e coragem. A Empresa precisa mais do que nunca de uma direção qualificada e não de políticos, em todos os postos de comando superior.
Marcos César Alves Silva
Administrador Postal
Aposentado
Ex-conselheiro no Conselho de Administração dos Correios