Aos Candidatos nas Eleições Presidenciais,
No próximo dia 26 de outubro, os brasileiros retornarão aos locais de votação para escolher o novo Presidente da República. Em disputa, está o direito de governar o País pelos próximos quatro anos, um grande desafio sob qualquer ângulo de análise.
Em momentos como este, é natural que aqui nos Correios nos preocupemos com o futuro da Empresa, afinal, como uma das principais estatais brasileiras, ela estará submetida às diretrizes que o novo governo traçar.
Nesse contexto, apresentarei a seguir minhas expectativas para o novo Presidente da República com relação aos Correios, independentemente de quem vença o pleito.
Os Correios são uma das principais infraestruturas do Estado Brasileiro à disposição do Governo Federal. Sua presença em todo o território nacional, sua imensa capacidade de atendimento presencial e de logística e sua imagem muito positiva junto à população constituem ativos extremamente valiosos para a implementação de políticas públicas. A manutenção, ampliação e consolidação dessa infraestrutura é, portanto, algo a ser bem cuidado e acompanhado, pois pode trazer, efetivamente, melhor e mais consistente atendimento aos cidadãos, notadamente àqueles que residem em locais onde há carência de outras infraestruturas do Estado.
Essa infraestrutura de atendimento e de logística dos Correios tem sido custeada ao longo dos anos pelas receitas obtidas com a prestação dos serviços oferecidos pela Empresa. E, para que seja possível que isso continue assim, evitando que o Governo Federal tenha que destinar verbas para a manutenção dessa infraestrutura, é importante que não se repitam situações como a ocorrida com a última atualização de tarifas postais, implantada apenas após dois anos e em percentual correspondente à inflação de metade do período, achatando ainda mais essas tarifas que já estavam entre as menores do mundo. Equívocos como este, motivados por razões alheias à realidade da Empresa e do próprio mercado, comprometem todo o planejamento empresarial e criam embaraços de difícil equacionamento no futuro, pois o mercado vai se ajustando aos preços praticados e, depois, tem dificuldades para absorver reajustes além da inflação. O novo Governo não só terá que corrigir a defasagem deixada pelo atual nas tarifas postais, mas também não voltar a utilizar esse tipo de mecanismo no futuro, pois os Correios, pela própria natureza de seus negócios, não trabalham com margens elevadas que possam ser sacrificadas para supostamente ajudar em ações macroeconômicas. Importante ressaltar também que a atualização das tarifas postais quase nenhum impacto provoca nos índices de inflação.
A gestão das pessoas que trabalham na Empresa é também uma frente importante a ser considerada pelo novo Governo Federal. A deterioração havida nos processos de recrutamento, seleção e valorização de pessoas nos Correios precisa ser revertida rapidamente. Concursos públicos precisam voltar a serem realizados sistematicamente, para manter cobertos todos os postos de trabalho da Empresa, com especial ênfase aos operacionais. Um plano de carreira e de funções ajustado às características da Empresa também é necessário, além do estabelecimento de critérios mais adequados para a designação de funções, eliminando a possibilidade de indicações de ordem política se sobreporem, como infelizmente tem sido comum, a processos técnicos e transparentes de escolha. Os trabalhadores precisam encontrar nos Correios um ambiente motivador, onde possam desempenhar bem suas atividades e encontrar oportunidades justas de desenvolvimento na carreira e de reconhecimento profissional, sem atalhos para alguns em detrimento de outros.
Outro tema relacionado aos Correios que deve merecer especial atenção do novo Governo Federal, pelo forte impacto que traz aos trabalhadores dos Correios, é o POSTALIS. Os déficits atuariais reportados pelo POSTALIS nos últimos anos são assustadores e precisam ser tratados com transparência, profissionalismo e efetividade. Os participantes e assistidos precisam saber a real situação dos dois fundos administrados pelo POSTALIS, assim como ter clareza sobre as contribuições que cabem a cada parte para a estabilização da situação do instituto. Investimentos julgados inadequados no passado ou com suspeição de ocorrência de fraudes necessitam de criteriosas apurações administrativas, cíveis e criminais, de forma que não fiquem apenas como notícias de jornal, lançamentos no balanço e prejuízos a serem divididos entre a Empresa, os participantes e os beneficiários. Quem deu causa tem que ser severamente punido, assim como se tem que buscar a recuperação desses prejuízos. Além disso, o POSTALIS precisa ter competência para reverter o quadro de prejuízos constantes e buscar um novo posicionamento entre as melhores referências do setor.
Nos próximos quatro anos, os Correios terão pela frente grandes desafios e será muito importante que o novo Governo Federal, único acionista da Empresa, esteja bem ciente disso e a apoie no que for necessário. Historicamente, os Correios não precisam de muito, mas não podem prescindir do pouco que é necessário para que sua infraestrutura continue operando e atendendo os brasileiros em todos os cantos do País.
Brasília, 24 de outubro de 2014
Marcos César Alves Silva
Representante dos Trabalhadores no
Conselho de Administração dos Correios
Representante dos Trabalhadores no
Conselho de Administração dos Correios
Com certeza, predominando a política socialista e intervencionista do Estado, continuaremos a ver os Correios serem deteriorados pelas práticas irresponsáveis e suicidas que estamos enfrentando atualmente...
ResponderExcluirSequer temos um plano de carreira. Me pergunto: para que dão bolsas de estudo se nem com doutorado você tem aumento no seu salário?
O que está acabando com essa empresa é essa interminável falácia e pouca prática. Muito se fala, mas pouco, ou nada, se faz. De discursos demagogos estamos cansados, queremos ver o concurso, os RI's, a meritocracia, o fim da interferência política, as decisões mais técnicas prevalecendo. Os caras só tomam decisões baseadas em partido ou padrinho político, ninguém pensa no coletivo, só nas vontades partidárias.
Chega de analfabeto no comando dessa empresa, precisamos de pessoas sérias, não de amadores!
Pablo
Texto sensato e reflexivo!
ResponderExcluir