Nesta semana, foi noticiada oficialmente a implantação de um novo plano de equacionamento do déficit do plano de benefício definido do POSTALIS (PBD). A partir de abril, serão cobradas contribuições extraordinárias no percentual de 25,98% sobre o valor do benefício proporcional saldado para os participantes ativos e sobre o valor dos benefícios de aposentadoria ou pensão para os assistidos (aposentados e pensionistas).
Nesta postagem, não tratarei de questões como o valor exorbitante desse déficit em relação ao patrimônio do fundo ou a necessidade de um prejuízo dessas proporções ser investigado profundamente e bem explicado, pois estas questões já estão sendo levantadas por entidades representativas, pela imprensa e pelo congresso nacional.
Tratarei unicamente do impacto desse equacionamento na vida dos participantes e assistidos.
Primeiramente, é necessário observar que não se trata de uma despesa que estivesse nas previsões dos atingidos. O plano BD foi saldado em 2008, por decisão unilateral da Empresa. A partir de então, os trabalhadores acreditaram que, quando se aposentassem, teriam assegurado o seu benefício proporcional saldado, sem que tivessem que voltar a contribuir para este fundo. A própria comunicação da Empresa na época levava a essa conclusão, como está documentado. Agora, percebem que, por má gestão dos recursos, o POSTALIS pretende lhes cobrar metade do prejuízo atuarial ocorrido.
Uma contribuição adicional de 25,98% sobre o benefício proporcional saldado representa um valor muito significativo para os participantes e, principalmente, para os assistidos, que já arcam com 9% de taxa de administração. Os atingidos terão sérias dificuldades para absorver uma "prestação" nessa proporção por mais de 15 anos, passarão a depender da ajuda de familiares e terão de lançar mão de outros artifícios para encaixar sua vida num patamar menor de consumo. 25,98% é bem diferente dos atuais 3,94% que estavam sendo cobrados por conta dos déficits de 2011/2012 e pesarão muito no bolso.
Esta questão não tem apenas contorno financeiro. Os trabalhadores, quando optam por permanecer trabalhando numa empresa como os Correios, o fazem também pelas garantias futuras que um bom fundo de pensão propiciam. Quando isso lhes é tirado sem que tenham mais tempo de fazer outra escolha na vida, se frustra uma expectativa importante e o dano psicológico daí decorrente é quase inevitável. E isso não tem preço.
Lidar com um fundo de pensão não é apenas manipular bilhões de reais em aplicações. É, acima de tudo, cuidar do futuro das pessoas. E isso tem que ser feito com o máximo de cuidado, atenção e competência, sob pena de se prejudicar seriamente centenas de milhares de pessoas, como ocorre hoje com o equacionamento do fundo BD do POSTALIS.
Assim, quando falamos desse equacionamento, não estamos tratando apenas de um número ruim no balanço do POSTALIS. A dimensão humana dessa questão é muito séria e assim deveria ser tratada. As 400.000 pessoas afetadas merecem respeito!
Marcos,
ResponderExcluirÉ com grande satisfação que acompanho seu posicionamento frente ao Conselho de Administração dos Correios, sobre as questões polêmicas de ordem organizacional. Vejo com coragem e sensibilidade o seu voto dissonante. É lamentável que as decisões do referido conselho são sempre pautadas na mesma linha do poder.
Tenho fé que a nova missão dos Correios 2020 - possa nos levar a outra posição de mercado interno e externo, para a sobrevivência de todos.
Creio que o equacionamento deficitário do Postalis que agora nos é imposto a pagar, deve ser considerado como uma questão séria e que todo o efetivo da empresa – empregados e assistidos – deva dizer - NÃO PAGO!
No passado fomos obrigados a aderir ao Postalis – sob pena de perdermos o emprego. Agora somos obrigados a sanar um rombo – cometido por gestores colocados pelos Correios - sob pena de que?
Será que nem justiça exista para sustar essa imposição?
Abraços,
Antonio Cordeiro