A capa da revista Veja desta semana acentuou uma preocupação dos colegas quanto a um tema que sempre produziu muitos debates acalorados na Empresa - os efeitos de uma abertura de capital, ou, para alguns, da privatização da Empresa.
Nesta postagem, comentaremos um pouco o tema, em seus aspectos mais gerais.
Primeiramente, é necessário comentar que a proposta em questão - venda de 49% do controle dos Correios, Infraero e Eletrosul - constou, de acordo com a matéria da revista, num conjunto de medidas proposto pela FIESP para equilibrar as finanças do País sem a necessidade de aumentar impostos. A campanha da FIESP pela não ampliação de impostos é bastante conhecida e pode ser sintetizada em algo como os cidadãos não quererem pagar o pato pela situação econômica criada no País.
Num contexto assim, é natural que surjam propostas de entidades como a FIESP, no sentido de o Governo Federal vender parte de estatais para se capitalizar, evitando a necessidade de novos impostos.
Na realidade, porém, a abertura de capital de uma estatal em geral não é algo simples, que possa ser implementado em curto espaço de tempo. No caso dos Correios, a situação é ainda mais complexa, porque a Empresa tem um forte veio de atuação social a ser preservado, além de sua atuação em mercado concorrencial. Além disso, os Correios também vivem um momento de resultados econômicos negativos, que, por si só, já afastariam muitos dos potenciais interessados, além de desvalorizar seus ativos. Também deve ser levado em conta que o contexto de governança do País é muito adverso para um empresário ser sócio minoritário do Governo Federal em qualquer empreendimento; a situação da PETROBRAS demonstra bem isso.
Assim, independentemente de outras razões que poderiam justificar a permanência dos Correios como empresa pública com 100% de capital da União, temos um contexto geral que tornaria agora uma iniciativa de abertura de capital tecnicamente inviável.
E se caminhar por esse rumo da venda de participação da Empresa não é um caminho tecnicamente viável, torna-se ainda mais importante para o Governo Federal que outras medidas sejam tomadas para estancar os prejuízos que estão sendo produzidos pela organização, de forma que os Correios voltem a ter resultados positivos e possam contribuir com dividendos adequados para a União. Entre essas medidas, a principal é a profissionalização da gestão, pelos efeitos estruturantes que teria em toda a Empresa. Com dirigentes selecionados no corpo técnico da Empresa a partir de sua experiência e desempenho e não de vinculações políticas temos plenas condições de chegar logo ao equilíbrio e, em seguida, a superavits, como ocorreu na maior parte da história dos Correios.
A boa gestão, tecnicamente construída, é imprescindível para qualquer organização, independentemente de quem controle seu capital. Isso vale tanto para uma empresa de economia mista quanto para uma estatal ou para qualquer outra empresa.
Esse tema assusta grande parte ou a maioria dos empregados da empresa. Infelizmente sabemos que com um governo neoliberal isso acontecerá mais cedo ou mais tarde.
ResponderExcluirMarcos.
ResponderExcluirSinceramente achei a análise um pouco simplista. Um dos compromissos de um futuro governo Temer será com as privatizações e a ECT com certeza estará entre elas. Governos com viés neoliberal, não estão preocupados com a prestação de serviço a sociedade, principalmente com as pessoas de baixa renda, que é onde nossa atuação social se destaca. A lógica do lucro estará acima de qualquer necessidade social. Sugiro uma análise mais aprofundada do tema, pois a faca está no pescoço e muita gente não percebe isso.
Considerações gerais sobre uma visão pessoal a respeito de uma orientação geral de governo é que me parecem simplistas.
ResponderExcluirImportante aqui é perceber que a ECT precisa buscar logo o equilíbrio e não correr o risco de passar a depender do Tesouro Nacional, pois, se isso ocorrer, haverá riscos em qualquer governo, independentemente de sua bandeira ou orientação ideológica.
Prezad@s, bom dia!
ResponderExcluirHistóricamente, é sábido que quando querem privatizar, primeiro mancham a reputação perante a opinião pública. Segundo, independente do valor real, o que prevalece é a venda a preço de banana. Terceiro, o que ocorre com o quadro de funcionários próprio e os benefícios/direitos, nem precisa dizer né?!!!
José,
ExcluirConcordo plenamente com tua argumentação . No meu ponto a venda de 49% das empresa estatais é para pagar o rombo financeiro em que o país encontra-se e continuar efetuando os pagamentos dos programa sociais, é lamentável.
Vejo como positivo, atualmente a empresa sofre apenas interferência do governo em vigor. Em uma eventual abertura de capital, teríamos a figura do sócio investidor que apesar de minoritário, por ter seu investimento na empresa teria uma atuação constante pela gestão técnica da empresa, bem como pela busca de bons resultados e além do mais, nada impede dos próprios funcionários da empresa comprarem suas ações.
ResponderExcluirApesar de gerar temor, a abertura de capital não é um bicho de sete cabeças, pois não é privatização da empresa, não haverá demissão do quadro, o que muda na pratica é a formação de uma nova vice presidência e a forma do conselho de administração (vide lei 6385/75 e IN/CMV 216/94).
O termo neoliberal, foi citado, duas vezes em quatro comentários. Se a forma atual de governo fosse melhor, não deveríamos estar em situação melhor? Caso tenham esquecido do significado de neoliberalismo, transcrevo pra vocês: Na política, neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia, onde deve haver total liberdade de comércio, para garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. Os autores neoliberalistas afirmam que o estado é o principal responsável por anomalias no funcionamento do mercado livre, porque o seu grande tamanho e atividade constrangem os agentes econômicos privados. A administração atual do Estado se mostrou incapaz de resolver crises econômicas. Não preciso lembrar que o plano REAL foi criado no governo Neoliberal e se manteve forte por mais de oito anos. Quem tem competência permanece, já aqueles que estão "mamando" nas tetas do governo, tem que ir para concorrência mesmo. Esta é a regra dos países desenvolvidos. Queremos ficar a eternidade nesta situação ou progredir?
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