quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A república do carguinho e os cupins

Que futuro pode ter um país cujos governantes deliberadamente solapam a cada dia princípios básicos de administração e mesmo de ética, para acomodar militantes e apadrinhados em "carguinhos"?

Às vezes me parece que o único objetivo da atuação política no Brasil é a tomada de poder para, então, ocupar sorrateiramente milhares de cargos públicos. Essa praga que tem assolado o Brasil vem tomando proporções cada vez maiores e é, certamente, uma das principais razões da trajetória declinante que o país enfrenta. 

Com despreparados e incompetentes ocupando cargos que deveriam ser confiados aos melhores e mais qualificados técnicos, o que se poderia esperar? 

Como toda praga, ela tem se estendido. Já chegou às estatais e, de forma análoga ao que acontece na administração direta, vai deixando nas empresas seu rastro de destruição de valores e de resultados, como pode ser visto recentemente na maior estatal brasileira.

Nos Correios, que já foram uma referência em gestão, temos há algum tempo um quadro que reproduz em escala menor o que acontece no governo como um todo: a "república do carguinho" vai se instalando, com a distribuição de funções e de cargos aos alinhados e aos militantes desabrigados.

Nenhum país e nenhuma organização sobrevive muito tempo assim. É como uma árvore infestada por cupins. Por mais frondosa que seja, um dia acaba caindo, sucumbida pela ação destruidora dos cupins.

Uma empresa estatal deveria ser um bom lugar para um trabalhador desenvolver sua carreira. A única porta de entrada deveria ser o concurso público, que possibilita a seleção dos mais capacitados ao exercício do cargo. Os planos de cargos e de carreiras deveriam ser respeitados e permitir que os trabalhadores desenvolvessem suas carreiras galgando promoções à medida em que fossem demonstrando competência e desempenho para tal. E o conhecimento e o desempenho superior deveriam ser indicadores para a escolha de chefias e de líderes de equipes. Deveria ser assim. Sem interferência política na gestão. 

O exemplo da Dinamarca está aí para mostrar que isso é possível. http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160126_dinamarca_corrupcao_fm_ab ).

Nenhum comentário:

Postar um comentário