sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Trem da Alegria nos Correios? Cadê a Meritocracia? É assim que vamos fazer economia? O aparelhamento continua e até aumenta? Nada mudou?

Recebi ontem (18/02) inúmeras manifestações de colegas indignados com a cessão aos Correios de um servidor do Ministério da Educação e Cultura para ocupar função de Analista XIII na Empresa.

Situação similar ocorreu quando a Empresa recebeu novamente por cessão servidora que já havia atuado ativamente na equipe terceirizada de assessoria do VIGEP anterior, que praticamente destruiu a gestão de pessoas na Empresa e contribuiu para a colocação dos Correios na difícil situação econômica que se encontra hoje.

Tanto um caso como outro são mesmo muito sérios, pelos sinais ruins que passam aos trabalhadores e pelo efeito negativo que produzem na própria Empresa, num momento em que precisaríamos estar unidos para vencer o desafio de uma situação de desequilíbrio econômico sem precedentes na história da organização.

Os Correios dispõem de um quadro técnico competente e valoroso, que soube, ao longo da história da Empresa, posicioná-la entre as referências mundiais em serviços postais. Infelizmente, a má gestão, a politização e o aparelhamento político-partidário que se instalaram na Empresa nos últimos anos tem minado tudo isso e produzido o quadro de resultados que hoje assusta aos trabalhadores e leva alguns até mesmo a questionar sua veracidade. 

Nesse processo nefasto de aparelhamento político-partidário, inúmeros profissionais com desempenho excelente e carreiras exemplares foram "encostados", para "dar espaço" a indicados políticos oriundos de cessões, de contratações sem concurso público ou mesmo do quadro próprio, com o conhecido "QI" - "quem indica". E isso ocorreu de forma ainda mais contundente na Vice-Presidência de Gestão de Pessoas - VIGEP, que deveria ser o xerife da aplicação de boas práticas de gestão de pessoas, mas que atuou exatamente no sentido contrário, modificando normas para facilitar o aparelhamento na Empresa e tendo, em sua própria assessoria direta, um feudo de pessoal externo pronto a colocar em prática tudo o que fosse necessário para viabilizar as intenções do titular da área. Sem a resistência dos técnicos de carreira que, se não estivessem encostados, certamente mostrariam as ilegalidades, irregularidades e impactos negativos que muitas das decisões tomadas trariam, o VIGEP e sua assessoria terceirizada puderam fazer tudo o que quiseram. Assim foi construído nos Correios e especialmente na VIGEP "o silêncio dos bons", para responder uma questão formulada recentemente em artigo de Eliane Cantanhêde, cobrando os trabalhadores de estatais por terem deixado o quadro dessas empresas se deteriorar como ocorreu. 

Que respostas poderia então, como conselheiro e integrante do quadro técnico dos Correios, oferecer a meus colegas?

Trem da Alegria? Diria que sim. A porta de entrada da Empresa deveria ser unicamente o concurso público e não as cessões ou as contratações de assessorias especiais. Qualquer coisa diferente disso é "Janela" e não porta.

Cadê a Meritocracia? Realmente não sei. Quando se recebe em cessão alguém para ocupar a última posição da carreira técnica da Empresa, o recado que a direção da Empresa dá para os que levaram décadas para alcançar posições bem inferiores é o de que se esforçam em vão, pois uma indicação política vale muito mais que toda sua dedicação e desenvolvimento. Rasgam, assim, o próprio planejamento estratégico, que traz a meritocracia como um dos valores da Empresa. 

É assim que vamos fazer economia? Certamente que não. Cada servidor que nos chega assim pode custar, em custos diretos e indiretos, até meio milhão de reais por ano, valor que poderia permitir, por exemplo, a contratação do pessoal que falta para completar o quadro de um CEE - Centro de Entregas de Encomendas ou de um CDD - Centro de Distribuição Domiciliária, cujos gestores penam hoje para administrar, sacrificando seus auxiliares, porque não dispõem do efetivo necessário para escoar a carga que lhes chega todo dia.

O aparelhamento continua e até aumenta? Nada mudou? Espero que o quadro ainda mude e que sinais trocados como estes dessas duas últimas cessões havidas deixem de existir. Por ora, penso que essas questões precisam ser efetivamente respondidas com ações concretas da Diretoria da Empresa, para demonstrar que houve ou que haverá alguma mudança nessa questão.

Espero, finalmente, que as representações de trabalhadores tenham sucesso em suas iniciativas judiciais de buscar a cessação de práticas de aparelhamento político-partidário que só oneram desnecessariamente a Empresa, a desprofissionalizam e retiram dos trabalhadores a energia e a motivação que deveriam estar sendo concentradas para equilibrar os Correios e oferecer aos brasileiros um serviço postal de excelência.

4 comentários:

  1. Como se vê, os Correios estão caminhando a passos largos para voltar a ser o antigo DCT!
    Uma lástima o que os Petistas e Peemedebistas estão fazendo com a ECT!
    Nivelaram por baixo e, antes nunca na história dos Correios, uma pela orçamentária traz um prejuízo de 1.5 bilhão de Reais, antes mesmo de terminar o ano! Lamentável tudo isso!
    Com a palavra os colegas que se venderam por prestígios internos para matar a galinha dos ovos de ouro!

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  2. Prezado, Só lamentar...não. Vamos envolver as representações dos empregados, bem que a bem pouco tempo atras, aqueles que se alto intitularam lideranças de empregados, se elegeram em cargos remunerados com o fim especifico de atuar na gestão do Postalis, da Postal Saude e da Empresa.O QUE APRESENTARAM DE CONCRETO ATÉ AGORA! NADA. O que estamos assistindo desses empregados uma atuação sem resultado para aquilo que prometeram fazer, as justificativas são muito fraca. Sugiro a esses representantes não aparecer de cordeirinho como estão se comportando, tem momento que o dialogo se esgota e acho que se esgotou, tem que sair da zona de conforto e ir para uma ação de enfrentamento que resulte na tomada do controle da Empresa. "POVO SEM LIDERANÇA É POVO SEM GOVERNO'

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  3. Marcos César. Agradecemos o apoio aos funcionários de carreira e sua decisão em escrever este artigo. Você nos enche de orgulho. Registro a indignação contra a bandalheira que esta nova "nefasta diretoria" está fazendo nos Correios. Hoje tenho 41,7 anos de Empresa e é muito triste e revoltante contar com pessoas assim nos Correios pois esta política baixa e rasteira vaia acabando com a nossa Empresa aos poucos. Os atuais "diretores" são até piores do que os do PT pois aqueles todo mundo já conhecia do mensalão e do Petrolão mas os atuais se vestem de bomzinhos e na calada da noite cravam facas nas costas dos funcionários de carreira. O mais triste de tudo é saber que este assalto aos Correios tem o patrocínio do Governo Federal que vende a carreira dos Ecetistas em troca de apoio política. É como se não valêssemos nada e como se fossemos uns estrumes.

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  4. Qualidade, qualidade, jamais. Grande Cecilio, bons tempos, quando o que era bom era reconhecido, agora lixo é glorificado e fezes são adoradas. A meritocracia quando passou a ser propaganda da empresa, apenas escondia a "nau" da incompetência sendo construída.

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