quarta-feira, 20 de julho de 2016

Sobre privatização e abertura de capital

Nos últimos dias, inúmeras matérias trazidas pela mídia mencionam uma eventual privatização dos Correios ou a abertura de seu capital. Nesta postagem, trataremos sinteticamente desses temas, apresentando nossa visão a respeito.

Inicialmente é importante destacar que os Correios, como outras estatais, viveram nos últimos anos um período complexo em termos de gestão. A desprofissionalização da gestão, em todos os níveis, da direção superior à base operacional, cobrou sua fatura na qualidade dos serviços e nos próprios resultados financeiros da organização. O conjunto de matérias trazido neste último fim de semana pela revista Isto É Dinheiro , sobre aparelhamento das estatais brasileiras, ilustra bem esse quadro.

Nesta questão central - desprofissionalização da gestão - está, portanto, em nossa opinião, a causa fundamental dos problemas hoje vividos pela Empresa.

Como enfrentar então isso?

É simples: corrigindo o problema, profissionalizando a gestão, desde a alta direção, aproveitando a nova Lei de Responsabilidade das Estatais, até a base operacional, cujos gestores precisam voltar a ser escolhidos por mérito e não por indicação superior, e receber também formação continuada para o exercício de suas funções de liderança.

E a privatização ou a abertura de capital? Seriam também soluções para os Correios?

Em nossa opinião, não. Os Correios, mais que outras organizações, desempenham atividades de cunho eminentemente público, mantendo suas redes de distribuição postal e de atendimento em todo o País, mesmo em regiões onde a agência da ECT é a única representação do Governo Federal. Além disso, a atividade postal está tratada na própria constituição e a Empresa, por ser entendida como "longa mão da União" goza de privilégios tributários típicos do Estado.

Privatizá-la ou abrir seu capital exigiria uma série de medidas preliminares que demandariam tempo, convergência de entendimentos e esforços substanciais, sem contar que se daria num momento em que os ativos em geral estão desvalorizados, devido ao contexto macroeconômico.

Por que fazê-lo, então?

Não seria muito melhor corrigir o problema fundamental de gestão e cobrar que a Empresa volte a ser vista como já foi no passado não muito longínquo - como uma das melhores empresas de correios do mundo, com serviços de altíssima qualidade reconhecidos pela confiança da sociedade, que colocou a ECT no topo do ranking de instituições mais confiáveis, juntamente com a família e os bombeiros?

Parcerias com a iniciativa privada estariam descartadas, então?

Não! De forma alguma. A Lei nº 12.490/11 prevê que a Empresa pode adquirir participações em outras Empresas, constituir subsidiárias, atuar em segmentos de negócios como o de logística, de correio digital e de serviços financeiros, além de explorar as potencialidades de sua rede de atendimento, para prestar serviços aos parceiros. O desenvolvimento desses novos negócios, em parceria com empresas privadas, é, portanto, um caminho apropriado e já institucionalmente estabelecido em lei para o fortalecimento da Empresa. Importante observar que não se trata aqui de cindir qualquer parte dos negócios hoje operados pelos Correios para dividi-lo com sócio privado, mas sim de desenvolvimento de novos negócios por meio dessas parcerias. As operações de telefonia celular e de correio digital são dois exemplos de segmentos de negócios que poderiam ser desenvolvidos dessa forma, agregando a agilidade e a experiência de bons parceiros à infraestrutura dos Correios e trazendo novas receitas. Logística integrada seria também outro segmento a ser desenvolvido em parceria, potencializando os serviços de encomendas próprios da Empresa (SEDEX, PAC etc), que permaneceriam sendo oferecidos diretamente pelos Correios, ficando com a parceria os demais serviços característicos dessa atividade (armazenamento, separação de pedidos, embalagem etc).

Como temos mencionado em outras matérias, os Correios são uma empresa vigorosa, com bons fundamentos, infraestrutura já constituída e um corpo de trabalhadores valoroso. Com boa gestão, a Empresa não precisa ser privatizada e nem ter seu capital aberto para voltar aos trilhos do sucesso empresarial.

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6 comentários:

  1. A questão da gestão sempre foi o grande problema da ECT. Quem passou pela direção sempre foi algum indicado político. Um e outro sempre pecaram por não desenvolver e implnatar um Plano de Carreira. Os Planos que foram elaborados nunca saíram do papel. Vez ou outra, aplicava-se o "Trenzinho da Alegria" para dar referências salariais aos prediletos, sem meritocracia alguma.
    Outra coisa a ser lembrada, é que os Correios tem isenção de IPVA, IPTU, ICMS e ISS, além de outras. Mesmo assim, diz que fica operando no vermelho.

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  2. Tudo isso é muito bonito, quero ver é na prática, tenho 32 anos que trabalho nessa empresa sempre escuto em meritocracia mais nunca aconteceu, por isso aconteceu isso por falta de pessoas de compromisso com a empresa, o aparelhamento de desgraça do PT.

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  3. Será que isso podera acontecer mesmo? trabalho nesta empresa à mais de 30 anos sempre houvi dizer nesta tal de meritocracia mais nunca aconteceu, só acontecia a indicacia por isso chegamos nesta derrocada, e isto intensificou-se quando a este partido PT assumiu o poder do foi para deixar a empresa nesta situação, vamos rezar que depois de tanta derrota e aparelhamento consigamos dar Nova vida está empresa que precisa muito de dirigentes descentes que a empresa merece, é acabar com este negócio de apadrinhamento e colocar pessoas competentes pra dirigir nossa empresa.

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  4. Há questões importantes aqui. Primeiro é que desde Cabral e sua Nau o patrimônio público que é delegado para alguém, pra que cuide dele, acaba virando propriedade privada de quem cuida. Não foi o PT, o Arena, Deodoro da Fonseca ou Dom Pedro Segundo que criou isso. E não é com boa vontade, bandeirinhas balançando, greve ou comentários em blog que vai mudar isso. Isso é um ecossistema, que se retroalimenta, e que a cada ameaça de destruição ele luta pra não acontecer, pois o.fim de indicações politicas significa a morte de todo ecossistema.
    Observem também que há interesses políticos nessas reportagens. Sempre o discurso é: crise, insolvência, dívida, ameaça, falta de dinheiro. É como se a idéia é criar um ambiente pra se aceitar o que eles querem que aconteça de fato. Veja a diferença na abordagem sobre parceiros da iniciativa privada: enquanto o Marcos fala em pareceria estratégica, complementar, para crescimento, a imprensa "enxerga" isso como vender, dar, doar, repassar a inciativa privada. Tem uma.matéria por ai que fala até em grande interesse de FEDEX, DHL, UPS......
    por fim, cravo aqui uma aposta, valendo 1 PostalCap: aquela empresa que existia a 15 anos atrás, nunca mais existirá

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  5. Concordo plenamente com você, mas convenhamos quem vai qurer comprar essa empresa agora! não é mais a empresa de 15 anos atrás, hoje é uma empresa doente não se sabe de que, é se antídoto para cura-lo depois de tantas doenças, a primeira e mais veio delas a incompetência de direção, banalizada, escrahada, corroída por incompetentes, uma empresa que chegou a ser a mais respeitada pela sociedade brasileira perdendo somente para família olha onde chegamos, onde nenhuma outra pública chegou de repente chegar ao fundo do poço sem mais nem menos é muita incompetência e mais algumas pessoas do bem estava vendo tudo isso acontecer e se negligenciou diante de tanta roubalheira e não fez nada, agora não adianta mais, esta empresa esta fadada a derocada final, é pior ninguém quer comprar isso porque virou um lixo so quem ainda acredita em levanta-lo são seu corpo de comptentes empregados que poderia fazer isto acontecer, sem politicagem, em toda a sua direção desde o presidente ser executivos passados pelo crivo do concurso público, ou seja funcionário de carreira, vejo somente esta saída, sem esta pode rezar, porque esta fadada a total e trágica insolvência total (FALÊNCIA) fechamento total.

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