terça-feira, 28 de março de 2017

Privatização x Profissionalização de Gestão

Temos ouvido de algumas lideranças que a única forma de não se ter políticos ou indicados políticos na gestão de estatais é a privatização. Nesta postagem, debateremos essa ideia.
A criação de estatais não aconteceu - ou não deveria ter acontecido - para abrigar políticos ou seus apadrinhados. Uma estatal só se justifica por relevante interesse público ou por imperativo de segurança nacional.
Assim, quando o governo toma a decisão de criar ou manter uma estatal, reconhece essa motivação de existência da entidade, que precisará ser gerida com a melhor técnica.
Se as normas e leis forem devidamente cumpridas e se o Ministério responsável atuar adequadamente, pensando na sustentabilidade da estatal, colocará em sua direção pessoas devidamente habilitadas e capacitadas. Quem melhor poderia dirigir uma estatal, por exemplo, do que executivos bem formados e experientes de seu quadro próprio que se destacaram ao longo de suas sólidas carreiras? Ou então executivos já testados, com sucesso, em companhias de porte similar? Pois bem, é isso que prevê a Lei.
Há inúmeros casos de governos que possuem estatais muito bem geridas por pessoal devidamente formado e experiente. Por que então isso seria impossível no Brasil?
O que precisa ser varrido da história brasileira é o patrimonialismo com que os partidos tratam suas estatais, ao assumir um Ministério. A estatal não pode ser um cabide de empregos para membros do partido ou para seus indicados, familiares etc. Isso não só não é ético, mas também acaba por destruir os valores da própria estatal se não for contido.
A profissionalização da gestão é um imperativo no governo como um todo e nas estatais em especial, devido à atuação empresarial que essas companhias exercem. O acionista não pode relevar isso, simplesmente aceitando que o Ministro de uma pasta nomeie quem bem entender para a direção de suas estatais, pois as consequências virão para a sociedade e para os trabalhadores. A Lei precisa ser cumprida à risca e até ser agravada no caso de grandes estatais, para as quais, por exemplo, a mera experiência em DAS-4 na administração direta jamais deveria ser considerada como suficiente para qualificar um dirigente, como traz a Lei nº 13.303/2016. Grandes estatais precisam de muito mais que isso.
As estatais não precisam, portanto, serem privatizadas para estarem livres da interferência política. Basta que se cumpra rigorosamente a Lei, colocando em sua direção pessoas realmente preparadas para o grande desafio que encontrarão pela frente. Não adianta colocar na condução de grandes transatlânticos pessoas que chegarão procurando por remos. Isso não vai funcionar bem. 
Enfim, se a estatal é necessária, basta profissionalizar a gestão, que os resultados seguramente virão.

sexta-feira, 24 de março de 2017

A profissionalização da gestão é a solução!

Como muitos brasileiros preocupados com os descalabros cometidos na escolha de dirigentes de estatais, fiquei muito satisfeito quando o Presidente Temer sancionou a Lei nº 13.303/2016, que, enfim, estabelecia alguns critérios mínimos para o preenchimento dos cargos em conselhos e diretorias de estatais.

Minha preocupação com o tema decorria da experiência de ver más escolhas de dirigentes dos Correios, por interferência política, terem deteriorado os processos e os resultados da Empresa nos últimos anos. Vi na nova Lei, que acompanhei ainda como projeto (PLS-555), desde suas discussões no Senado, uma esperança de que tivéssemos nos Correios um processo moralizador, a partir do qual finalmente contaríamos com uma direção qualificada, escolhida a partir de princípios meritocráticos e cumprindo rigorosamente os critérios estabelecidos.

Infelizmente, porém, não foi o que aconteceu. A ingerência política continuou prevalecendo e mesmo os critérios mínimos estabelecidos foram abertamente ignorados. Centenas de profissionais de carreira plenamente habilitados para o exercício dos cargos de direção foram ignorados, em detrimento de ungidos que sequer possuíam as qualificações mínimas estabelecidas. Friso – mínimas, porquanto a Lei foi bastante comedida ao estabelecer, por exemplo, os prazos de experiência. Convenhamos que o simples exercício de uma função de DAS-4 na administração direta pode até qualificar um dirigente para uma pequena estatal, mas nunca para uma organização do porte dos Correios.

E, mesmo com requisitos tão baixos, tivemos nos Correios a indicação de pessoas para os cargos de direção que não os atendiam.

Considero o assunto gravíssimo, posto que é exatamente a baixa qualidade da gestão superior que tem prejudicado os resultados e o desenvolvimento da Empresa. Não tratamos aqui, portanto, de um detalhe da gestão, mas sim do principal fator determinante do quadro aqui instalado, algo que merece especial atenção.

Entendo também que, quando uma Lei estabelece critérios mínimos de acesso, como é o caso da Lei nº 13.303/2016, esses têm que ser cumpridos à risca e esse cumprimento tem que estar plenamente demonstrado, de forma transparente e direta, sem interpretações criativas, analogias ou outros mecanismos de aproximação. Não pode haver nenhuma dúvida a respeito do cumprimento dos requisitos.

No caso dos Correios, em função de ação civil pública que suspendeu liminarmente o exercício dos cargos de seis vice-presidentes (liminar suspensa por força de recurso da Empresa acolhido com efeito suspensivo), esse tema é ainda mais relevante.

Além do pleno atendimento aos requisitos de elegibilidade previstos em Lei, é ainda importante considerar que uma empresa estatal de grande porte, como é o caso dos Correios, precisa ter o processo de indicação de dirigentes blindado contra influências e ingerências políticas. Não é possível admitir, por exemplo, que grupos de interesse, como grandes fornecedores ou franqueados, tenham a possibilidade de indicar dirigentes por meio de influência política, capturando a administração em prol dos seus interesses, ou ainda que as indicações sejam simplesmente loteadas entre partidos políticos. Também não é aceitável que pessoas sem qualquer experiência destacada nas áreas de atuação da Empresa venham dirigir unidades responsáveis por faturamentos bilionários, ou ainda que empregados sem a adequada experiência em gestão estratégica sejam guindados às posições de direção superior apenas por indicação de políticos influentes e não por um processo de seleção baseado em competência, mérito e rigoroso cumprimento de requisitos. Será que se tivéssemos um método orientado por alguma consultoria de seleção de executivos ou headhunter algum dos atuais dirigentes seria selecionado? 

Esperamos que o Governo Federal perceba logo que os desafios de um cargo de direção superior numa grande estatal estão muito além da mera experiência de um assessor parlamentar ou de um DAS-4 e estabeleça requisitos compatíveis com a complexidade do desafio de gerir e liderar organizações fundamentais ao desenvolvimento social e econômico do Brasil, e que as grandes organizações estatais, independentemente do mínimo trazido em Lei, sigam o exemplo da PETROBRAS e estabeleçam logo POLÍTICAS DE INDICAÇÕES para barrar as indicações políticas e melhor qualificar seus dirigentes. E que seja extremamente rigoroso na cobrança do cumprimento de todos os requisitos estabelecidos.

No caso dos Correios, este tema da profissionalização da gestão é ainda mais sério, pois vivemos um momento em que a Empresa se vê diante de resultados extremamente negativos, produzidos essencialmente por direções tecnicamente despreparadas que por aqui se sucederam. Não foi o mercado, a economia ou os trabalhadores que desestruturaram a Empresa, mas sim as decisões tomadas por sua direção.   

E a solução não precisa vir com a privatização, com a desmontagem da Empresa ou com a demissão em massa de trabalhadores, como parecem pensar alguns de sua direção. Pode vir simplesmente com a profissionalização da gestão, que reconduzirá rapidamente os Correios ao patamar de excelência empresarial e de lucratividade que já ostentou.

É simples! Ou deveria ser!

quarta-feira, 22 de março de 2017

Carta do Conselheiro - 21/03/2017

Encaminhamos aos colegas, em 21/03, Carta do Conselheiro, contendo informações sobre a reunião extraordinária do Conselho de Administração ocorrida naquela data.

Entre outros temas, foi tratada a questão da elegibilidade dos Vice-Presidentes.

Suspensão de férias

Diversos colegas me indagaram hoje a respeito de minha opinião sobre a decisão de suspensão de férias divulgada ontem pela Empresa. Procurarei responder aqui para que outros colegas possam também saber nossa opinião sobre o assunto.
Primeiramente é importante registrar que não se trata de um tema deliberado pelo Conselho de Administração, mas sim de alçada da Diretoria Executiva. Não houve, portanto, aprovação dessa decisão pelo CA.
Com relação à decisão propriamente dita, a recebi com espanto, como creio tenha acontecido com a maioria dos trabalhadores e gestores do quadro próprio dos Correios, pois é evidente, para qualquer um que conheça minimamente a Empresa, que se trata de algo realmente desastroso sob todos os aspectos e completamente ineficaz. No máximo, um engodo para protelar despesas inevitáveis, aliviando artificialmente o fluxo de caixa da Empresa, porém com efeitos catastróficos em termos operacionais.
É até difícil escrever sobre o óbvio, mas tentaremos isso.
Os Correios tem a imensa maioria de seus trabalhadores alocada na produção (mais de 80%), em unidades de atendimento, tratamento e distribuição dispersos pelo Brasil; consequentemente, precisam ter uma escala de férias bem distribuída ao longo do ano, de forma que se possa contar com uma quantidade adequada de pessoas, compatível com a carga de trabalho, em cada um dos meses. Isso sempre foi levado em conta nos Correios e as chefias distribuem os períodos de férias de forma a ter sempre algo como 10% em férias em determinado mês.
Sem concurso público desde 2011 e, portanto, com sérios vazios em diversas unidades, ao adotar uma medida como a suspensão das férias e sua marcação apenas ao final do segundo período aquisitivo, a direção da Empresa dá causa a um caos que se traduzirá em mais e maiores filas nas agências, em atrasos na entrega, sem contar o estresse e a sobrecarga que serão imputados aos trabalhadores.
E o efeito prático disso será apenas a passagem aos sucessores que vierem comandar a Empresa de uma conta acumulada e desse caos que fatalmente se instalará.
Produzir resultados artificiais de curto prazo é muito simples. Mas é, em geral, irresponsável, pois tais economias normalmente se transformam em maiores prejuízos mais à frente, sejam eles econômicos, de qualidade ou de imagem.
Isso, porém, não parece preocupar a direção política instalada nos Correios.
Os trabalhadores dos Correios só gostariam de poder fazer seu trabalho e de serem tratados com respeito, entretanto são submetidos a mais uma medida completamente absurda como esta.
Não há salvação sem a profissionalização da gestão!

segunda-feira, 20 de março de 2017

Demissão motivada

Notícia veiculada recentemente na Empresa confirmou o que já vinha circulando como boato há algum tempo - a cogitação de a direção recorrer ao instrumento da demissão motivada para equilibrar gastos com pessoal. Desta feita, a menção ao assunto foi atribuída ao ministro.

A notícia tornou ainda mais confusa e turbulenta a situação dos trabalhadores, que se vêem cada vez mais envolvidos na solução de uma situação que não criaram - apesar de declarações de dirigentes afirmarem o contrário. Não foram, de fato, os trabalhadores que criaram a situação atual dos Correios, mas sim o Governo Federal e seus prepostos, com decisões e ações, como as seguintes:
a) recolhimento, em nível exagerado, de dividendos;
b) represamento de tarifas em período eleitoral;
c) escolha de dirigentes entre políticos e indicados políticos, sem a necessária competência e experiência para dirigir uma organização do porte dos Correios.

Parece, porém, mais fácil demitir trabalhadores, ainda que esses tenham entrado na organização pela porta da frente do concurso público e estejam apenas fazendo o trabalho que lhes foi atribuído, do que colocar na Empresa uma gestão profissional, que seja capaz de encarar os desafios do desequilíbrio financeiro e saneá-lo com medidas efetivas.

A politização da gestão cobra, nos Correios, o seu preço mais alto, colocando agora em risco o emprego de milhares de trabalhadores, que poderão ter que buscar a justiça para manter o que conquistaram num concurso público. Mais insegurança, disputas judiciais e consequente queda de produtividade.

Quem ganha com isso?

segunda-feira, 13 de março de 2017

Pela profissionalização da gestão nas estatais

Uma das primeiras declarações do atual Presidente da PETROBRAS noticiada pela imprensa foi de que, a partir daquele momento, não haveria mais aparelhamento político-partidário naquela companhia.

Nos Correios, porém, a direção política aqui colocada sustenta que a culpa da situação econômica da Empresa se deve aos técnicos que "sempre a dirigiram" (sic) e defende a indicação política, como consta na matéria do Diário do Grande ABC - link.

Observando as duas declarações nem parece que provenham de duas grandes organizações controladas pelo mesmo governo, afinal são diametralmente opostas.

Qual delas está correta? O que o Governo Federal pensa de suas estatais - quer ver sua gestão devidamente profissionalizada, como está fazendo na Petrobras e no BNDES, com resultados visíveis, ou pretende deixá-las confiadas a políticos e seus indicados, como tem feito nos Correios?

A privatização defendida como forma de resolver o problema caso não se queira políticos no comando da estatal não é solução para os brasileiros, que precisam de bons serviços, como os prestados pelos Correios nos rincões do País. É bem mais simples fazer o trivial e que o Governo Federal já está fazendo em outras estatais - profissionalizar a gestão, eliminando a interferência política.

E profissionalização de gestão não é apenas substituir um político por um empregado indicado por políticos. Isso não resolve. É necessário que toda a estrutura de direção e de gestão da Empresa seja confiada a pessoas com experiência e competência adequadas às respectivas funções. Áreas de negócios precisam ser dirigidas e geridas por quem entende profundamente desses negócios; áreas de operações precisam ser dirigidas e geridas por quem entenda profundamente dessas operações e assim por diante. Algo bem básico, que toda organização deveria seguir, mas que fica completamente deturpado quando o comando é confiado a políticos, por anos a fio, como tem acontecido nos Correios (diferentemente do que foi citado pelo entrevistado na matéria, como pode ser facilmente constatado consultando a lista de ex-Presidentes e ex-Vice-Presidentes da Empresa).

A culpa pelo estado de coisas criado nos Correios não é, portanto, dos trabalhadores. E mesmo que um político repita algo diferente à exaustão, não vai mudar a realidade. 

quarta-feira, 8 de março de 2017

Ata da 1ª Reunião Extraordinária do Conselho de Administração

Foi publicada no website dos Correios a ata da 1ª reunião extraordinária do Conselho de Administração dos Correios em 2017. A ata pode ser lida no seguinte link (selecionar reunião extraordinária do conselho de administração e, depois, 1ª reunião, no ano de 2017)

A leitura da ata complementa nosso informativo, enviado aos colegas em 10/02/2017, conforme link.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Aposentados

Os colegas que saírem da Empresa e quiserem continuar a receber normalmente nossos informes podem inscrever seus e-mails pessoais na área localizada à direita de nosso blog:
"Receba por e-mail nossos informativos periódicos"

Além disso, aqui no blog, os interessados podem também se inscrever para receber por e-mail as matérias publicadas no blog ("Receba por e-mail as novas postagens do blog")

Correios Celular

Os Correios e sua parceira, a EUTV S.A., lançaram hoje o "Correios Celular".

No site do serviço, em www.correioscelular.com.br, há informações sobre o plano que está sendo lançado e as primeiras agências da cidade de São Paulo que já comercializam os chips e recargas.

Ainda em março as demais agências da cidade de São Paulo prestarão o serviço, que será expandido gradualmente para Brasília, Belo Horizonte e, depois, para todo o país, chegando a mais de 3.500 municípios até o final do ano.

No site dos Correios há também algumas perguntas e respostas a respeito do novo serviço. Para ler, basta acessar o link.

sábado, 4 de março de 2017

O câncer da política nos Correios

O câncer da política continua sua inexorável destruição na Empresa.
Recebemos mais uma mensagem de colega reportando substituição por razões políticas.
Um trabalhador com formação superior e pós graduação, embora superando todas as metas estabelecidas, foi dispensado de sua função para atender a um pedido político. 
Colocaram em seu lugar um empregado com salário muito abaixo do dele, o que resultará numa despesa para a Empresa, com complementação de remuneração singular, acrescida em quase 5 vezes.
Enquanto situações assim acontecerem na Empresa, ou seja, enquanto critérios políticos continuarem pautando as escolhas de dirigentes e gestores, a situação da organização não melhorará.
Como o câncer, esse mal pode matar o paciente se não for tratado e curado logo.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Matérias sobre relatório da CGU

Duas matérias circularam hoje, mencionando relatório da CGU nos Correios.

Ambas as matérias, com link ao final desta postagem, trataram do recolhimento excessivo de dividendos pelo Governo Federal.

Nosso posicionamento sobre este tema está bem expresso em diversas manifestações em reunião e postagens em nosso blog, entre as quais destacamos algumas:
- Uma grande e vigorosa Empresa (10/02/2016)- No tópico: "Redução de receitas, em decorrência de tarifas desatualizadas e do pagamento expressivo de dividendos"
Resultados dos Correios em 2015 - visão preliminar (05/04/2016) - A partir de "O que nos levou, então, a esse quadro?
Sobre a matéria de O Globo, que trata de abertura de capital dos Correios (15/05/2016) - A partir do parágrafo que começa com "O desequilíbrio entre receitas e despesas ..."
A crise real dos Correios (06/01;2017) - A partir de "Com relação ao déficit financeiro, ..."

As matérias mencionadas podem ser lidas nos seguintes links:
- O Globo
- Folha