quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Cinco anos no Conselho de Administração dos Correios

Reprodução da Comunicação/CA-060/2018, apresentada pelo conselheiro Marcos César na reunião ordinária do Conselho de Administração dos Correios de 23/08/2018.
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“Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras!” *

Quando nos propusemos a concorrer nas primeiras eleições para o Conselho de Administração dos Correios, queríamos, antes de tudo, valorizar a oportunidade que estava sendo oferecida aos trabalhadores de terem um membro eleito pelos trabalhadores no colegiado superior da Empresa.

Com o apoio dos colegas que conheciam nosso trabalho ou que acreditaram em nossas propostas, logramos êxito na primeira eleição, em 2013, fato que se repetiu em 2016, quando nossa chapa foi reeleita.

Nestes cinco anos de atuação no Conselho de Administração da Empresa, procuramos cumprir à risca o que prometemos aos colegas, com uma atuação destacada, que qualificasse e enriquecesse os debates do colegiado. Sabíamos que, em muitas ocasiões, estaríamos plantando tâmaras, as quais só seriam colhidas mais à frente, quando já não estivéssemos mais no colegiado. Mas isso nunca nos impediu de continuar o plantio, dia a dia, reunião a reunião, como procuraremos demonstrar hoje.

A tamareira da profissionalização da gestão

Nenhum tema mereceu tantas manifestações nossas como a importância da profissionalização da gestão da Empresa. Sempre vimos essa medida como a mais importante para o sucesso e a sustentabilidade dos Correios. E isso veio materializado inclusive em votos contrários à eleição de dirigentes cujas qualificações nos pareciam insuficientes para a importante missão de um Vice-Presidente dos Correios. Durante nosso período de gestão, tivemos oportunidade de acompanhar a Lei nº 13.303/2016 desde sua origem e até de oferecer uma pequena contribuição de aperfeiçoamento, que foi incorporada pela equipe do relator à Lei. Lamentamos que, no processo legislativo, o Projeto tenha sofrido alguns ajustes para “facilitar” o acesso aos cargos de direção de estatais, mas, mesmo assim, consideramos que a Lei nº 13.303/2016 foi um dos avanços institucionais mais importantes ocorridos no Brasil nos últimos anos.

As tâmaras a colher no futuro dessa tamareira são o estabelecimento de requisitos mais fortes para os dirigentes de grandes estatais como os Correios e o aprimoramento do processo de seleção desses executivos, seguindo a trilha já iniciada pela Embrapa e pela Caixa.

A tamareira do desenvolvimento comercial da Empresa

Outro tema que motivou inúmeras manifestações nossas durante nosso período de gestão foi a importância de a Empresa desenvolver seus negócios, aproveitando as oportunidades abertas pela Lei nº 12.490/11. Infelizmente, as direções que se sucederam na Empresa após a edição da Lei nº 12.490/11 não conseguiram aproveitar as portas que foram abertas para a Empresa com essa legislação.


Parcerias para desenvolver os negócios de operador logístico, de instituição financeira, de seguros, de capitalização e muitos outros continuam aguardando lideranças estratégicas capazes de empreendê-las. Alguns destes negócios contam, inclusive, com projetos bem evoluídos, que poderiam ser colocados em marcha com bastante facilidade.

As tâmaras a colher no futuro dessa tamareira são a exploração desses novos negócios, constituídos de acordo com as leis, valorizando as marcas e a infraestrutura da Empresa.

A tamareira da gestão de pessoas

De tanto questionar nas reuniões do colegiado o fato de a Empresa não contar com um adequado plano de funções nem com bons critérios para designação de pessoas, fomos convidados, pelo Presidente do colegiado, a apresentar propostas para a solução desses dois temas. Duas reuniões ordinárias depois, após pesquisa e reuniões com benchmarks, apresentamos anteprojetos para enfrentar as duas questões. Esse “plantio” ocorreu há 4 anos e deverá produzir frutos, mesmo que tardios, a qualquer momento. Se os frutos forem realmente bons, resolverão um dos principais flancos existentes hoje na Empresa, pelo qual se tem, de forma sistemática, aparelhado politicamente a organização.

A tamareira da situação econômico-financeira da Empresa

A situação econômico-financeira da Empresa se agravou nos últimos anos, a ponto de o tema passar a ocupar praticamente toda a agenda das várias lideranças da Empresa, com os reflexos negativos que isso produz.

No conselho, procuramos sempre lançar luz sobre as causas que contribuíram para a mudança da situação econômico-financeira e contábil da Empresa, apontando como grandes vilãs desse quadro o recolhimento excessivo de dividendos, o represamento de tarifas e uma implantação abruta de nova prática contábil (pré-pagamento do pós-emprego).

Na atualidade, o que era inicialmente apenas o discurso de um conselheiro que insistia em tratar de causas e não apenas dos efeitos, passou a menções formais nos relatórios empresariais e também em relatórios de órgãos de controle, de maneira que quem se debruçar hoje sobre a história da Empresa saberá que a ocorrência desses três fatores transformou a realidade econômico-financeira e contábil dos Correios nesta década. Entendendo as causas, se poderá buscar melhores soluções para o restabelecimento do equilíbrio empresarial. Serão essas as tâmaras a serem produzidas por essa tamareira.

A tamareira da qualidade

Há alguns meses vivíamos na Empresa um quadro de qualidade operacional que parecia irreversível. Nossos centros de tratamento de encomendas estavam completamente abarrotados de carga, os objetos eram sistematicamente entregues com atraso produzindo indicadores de qualidade muito ruins e em declínio e o volume de reclamações crescia continuamente, assim como o volume de indenizações.

Depois de algumas manifestações a respeito do tema sem efeito na situação, propusemos ao Presidente do Conselho de Administração que o colegiado apreciasse a substituição dos Vice-Presidentes das três áreas que, em nossa avaliação, eram responsáveis pela situação. Foi a maneira que encontramos para demonstrar a gravidade do quadro e a necessidade de essas áreas alinharem suas decisões e ações.

A proposta de substituição dos executivos não foi levada a apreciação do colegiado, mas, a partir de então, o tema Qualidade Operacional entrou na pauta de temas debatidos no CA e as áreas da Empresa encontraram a convergência necessária para superar o quadro. Com gestão focada, recursos adequados e processos de apoio priorizados, chegamos, em poucos meses, a uma situação completamente diferente, onde a meta de qualidade para encomendas nacionais é um piso do qual nos distanciamos cada vez mais, as encomendas chegam com prazos inferiores aos estabelecidos, as reclamações sofreram a maior queda histórica de seu volume, embora se situem ainda num patamar que preocupa e que merece atenção.

A tamareira da qualidade precisa de muita atenção, pois tem ainda importantes frutos a oferecer, abrangendo especialmente as correspondências de todos os tipos e as encomendas internacionais. 

A tamareira da comunicação

Desde o primeiro dia de mandato, preocupamo-nos não só em desempenhar com esmero o papel de conselheiro, mas também em manter os colegas bem informados sobre as decisões do colegiado e sobre nossas opiniões a respeito dos temas mais relevantes. Assim, o blog que mantivemos nestes cinco anos contém um acervo inestimável de matérias sobre os Correios, produzidas pela ótica de um trabalhador que se aprofundou nos temas para abordá-los e que explicou de maneira circunstanciada cada posicionamento defendido. Os e-mails enviados logo após cada uma das centenas de reuniões ocorridas complementam o acervo que permanecerá à disposição de todos. 

A tamareira da comunicação é a mais reconhecida pelos trabalhadores, que passaram a saber, quase em tempo real, das decisões tomadas no colegiado superior da Empresa, uma situação ímpar na administração pública brasileira. Por isso, essa é uma tamareira que não pode prescindir nunca de atenção especial do próximo conselheiro.

A tamareira da democracia 

Após cinco anos de presença no Conselho de Administração e apesar da concreta possibilidade de alcançar mais uma reeleição, decidimos que era chegado o momento de outro colega ocupar a única cadeira reservada para um membro eleito pelos trabalhadores. A tamareira da democracia precisava produzir novos frutos, para demonstrar que era acertada a fórmula usada de prever a presença de um membro eleito pelos trabalhadores no Conselho de Administração.

Encerraremos, assim, em breve, nossas atividades no Conselho de Administração, com a expectativa de que tenhamos escrito uma boa história, deixado boas tamareiras em produção e um modelo de atuação inspirador, pois era exatamente isso o que almejávamos quando nos lançamos ao desafio de integrar o Conselho de Administração dos Correios.

Marcos César Alves Silva
Conselheiro


* Ditado popular árabe. Conta-se que certa vez um senhor de idade avançada plantava tâmaras no deserto quando um jovem o abordou perguntando: “Mas por que o senhor perde tempo plantando o que não vai colher?” O senhor virou a cabeça e calmamente respondeu: “Se todos pensassem como você, ninguém colheria tâmaras”. Como as tamareiras levavam de 80 a 100 anos para darem os primeiros frutos, o ditado procurava demonstrar que não importa se você vai colher, o que importa é o que você vai deixar, para todos e para o futuro.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Eleições para o Conselho de Administração

Data Final: 27/08

Estamos a menos de uma semana do final das votações em segundo turno das eleições para o Conselho de Administração dos Correios.

Se você, trabalhador dos Correios, ainda não votou, clique AQUI e vote agora! 

Sua participação é importante para valorizar a escolha do único membro da direção superior da Empresa escolhido pelos trabalhadores.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Que tal o Governo Federal presente em todo o país?


Vejamos como isso poderia ser feito.

Levemos em conta, inicialmente, que nem tudo em termos de serviços públicos pode ser resolvido à distância, por internet ou telefone, seja por alguma particularidade do atendimento ou pela indisponibilidade de recursos do cidadão para o acesso (internet e telefone).

Nesses casos, seria importante que o Governo Federal dispusesse de pontos de atendimento físicos em todos os municípios e em alguns distritos maiores. Em capitais e municípios de maior porte, um ponto só não seria suficiente, devendo haver pontos em cada bairro mais relevante, de forma a facilitar o acesso da população.

Como o Brasil tem mais de 5.500 municípios, pode-se estimar que seriam necessários uns 12.000 pontos. A partir desta definição, seria necessário alugar ou construir imóveis para abrigar as 12.000 unidades, adquirir todos os móveis e equipamentos necessários, instalar telefonia e rede de dados em cada um desses locais, incluindo os mais remotos, contratar serviços de transporte para os documentos produzidos, as pessoas para o atendimento e montar um centro de comando que garantisse o funcionamento uniforme da rede, por meio de orientações e supervisão.

Tratar-se-ia, sem dúvida, de um megaprojeto, que demandaria um volume considerável de recursos financeiros, a participação de um número grande de pessoas em todo o país, tempo e alta capacidade de planejamento e de articulação. 

Parece algo impossível de fazer? 

Não é!

Na verdade, o Governo Federal já realizou esse empreendimento, ao longo de mais de 350 anos, com a montagem da infraestrutura dos Correios, uma rede de mais de 12.000 pontos de atendimento que cobre todo o país de ponta a ponta, prestando serviços variados à população.  

Agora é só lembrar disso e utilizar bem a rede dos Correios para levar o Governo Federal mais perto do cidadão.

Quer saber mais?      http://www.correios.com.br   

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

2º turno das eleições para o Conselho de Administração


Seleção de dirigentes - os bons exemplos da Embrapa e da Caixa

Ontem (12/08), lemos, em matéria do Estadão, que a Caixa havia aberto processo de seleção para a contratação de Vice-Presidentes.

Anteriormente, há alguns meses, a Embrapa fez o mesmo.

Processos de seleção de dirigentes feitos dessa maneira eliminam a interferência política na indicação dos dirigentes, um dos grandes males da administração pública brasileira. Nas estatais, isso é fundamental, para que se tenha os melhores líderes que essas organizações possam ter, com formação, experiência e desempenho comprovados e comparativamente superiores aos dos demais candidatos.

Esperamos que os bons exemplos da Embrapa e da Caixa sejam seguidos pelas demais estatais brasileiras, Correios incluído.

Leia a matéria do Estadão em:
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,caixa-abre-processo-seletivo-para-vice-presidentes-com-salario-de-mais-de-r-1-mi-por-ano,70002446766?utm_source=twitter:newsfeed 

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Mentiras e tempo perdido


Em minha vida pessoal e profissional, sempre prezei pela verdade. Penso que, quando falta a verdade, tudo o que vem depois fica comprometido.

Hoje fui surpreendido por um áudio sobre evento realizado pela FAACO em julho, no qual sou citado em fala do interventor. Não tratarei aqui de diversas outras afirmações do interventor proferidas na ocasião com as quais não concordo e nem das inúmeras ofensas que ele faz a outros colegas, me limitando à reunião do Conselho de Administração que é ali mencionada.

Na 6.ª Reunião Ordinária do Conselho de Administração, após ouvir do interventor uma afirmação de baixíssimo calão, como não é incomum em suas falas, atribuindo de forma grotesca aos participantes responsabilidade pela situação havida no Postalis, reagi dizendo-lhe que, como participante, exigia respeito, porque os participantes não foram agentes nesse processo de assalto ao Postalis, mas sim vítimas dos roubos ali perpetrados. Em resposta, ele pediu longas desculpas e prosseguiu tentando se justificar. Mais à frente, no calor da discussão e respondendo a pedido para que confiasse nele, informei que não confiava nele e nem em sua equipe. Era uma reação ao fato de que nossas reservas do PostalPrev haviam sido diminuídas de um dia para o outro e os ativos do BD reprecificados com desvalorização de mais de 45%, tudo isso sem nenhum detalhamento que permitisse aos participantes analisar essa brusca mudança de avaliação. Como poderia alguém confiar em quem agia assim? Nesse momento da reunião, o Presidente do Conselho interveio e a discussão foi encerrada.

Como poderá ser percebido ouvindo o áudio (a partir de 25:25, Dia 1, Tarde), a versão apresentada pelo interventor é diferente desta que, entretanto, pode ser confirmada por todos os que estavam na reunião, membros do Conselho de Administração e colegas da Empresa.

Acompanhei o movimento das entidades quando foram à PREVIC pedir intervenção no POSTALIS em 2014 e não foram ouvidas. Estive com os colegas que coletaram assinaturas para abertura da CPI dos Fundos de Pensão. Acompanhei, de camisa amarela, sessões da CPI. Estou pagando, como os demais colegas, um pesado equacionamento do plano BD e recebi a notícia que os ativos do fundo serão depreciados em mais de 45%. Tive as reservas de minha conta no PostalPREV reduzidas em mais de 11% sem sequer saber que ativos foram reprecificados e por que. Sou vítima, como os demais participantes, e mereço respeito, principalmente de alguém que é um empregado público e que deveria ter a correta percepção da missão que lhe foi confiada e saber que a responsabilidade por esse quadro instalado no POSTALIS jamais poderia ser atribuída aos próprios participantes.

Lamento, finalmente, que os participantes sejam levados a tratar de questões como esta enquanto o tempo passa (309 dias de intervenção) e não se vislumbra solução adequada para os problemas enfrentados pelo POSTALIS.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Os Correios no novo governo - problema ou "joia da coroa"?

Com a aproximação das eleições presidenciais, temos observado o que falam os candidatos a respeito dos Correios e procurado contribuir de alguma forma para que entendam melhor o que é a Empresa, sua importância para o Brasil e quais são seus reais problemas.

Nesta postagem, tentaremos trazer mais uma contribuição, consolidando algumas informações e ideias sobre os Correios, na expectativa de que esse exercício seja útil ao próximo governo.



Missão Constitucional

A Constituição Federal prevê, em seu artigo 21, que compete à União "manter o serviço postal e o correio aéreo nacional". Assim, diferentemente de outras estatais, os Correios existem para cumprir uma missão pública expressa na própria constituição.

Interesse Público subjacente às atividades empresariais

Em sua Carta Anual, publicada no LINK, os Correios informam, entre outras coisas, que: "Os Correios oferecem infraestrutura relevante para viabilização de políticas públicas, integração nacional e inclusão social, com sua rede de agências e seus serviços financeiros, de logística e de comunicação, à disposição da população, das empresas e das instituições."
De fato, além de constituir uma infraestrutura que viabiliza uma séria de negócios, como, por exemplo, os empreendimentos de comércio eletrônico, os Correios são um mecanismo de integração nacional e de inclusão social bem evidente, que facilita e melhora a vida dos brasileiros em todos os cantos do país.

Organização de grande porte

Muitas pessoas só conhecem os Correios pelo carteiro que atende seu domicílio ou pelas agências postais, mas, por trás dessa face mais visível, está uma organização de grande porte. Com faturamento em torno de R$ 20 bilhões por ano, um quadro de pessoal próprio de cerca de 106.000 trabalhadores, milhares de unidades de atendimento, tratamento e distribuição espalhadas pelo país, os Correios são uma das maiores estatais brasileiras.

Gestão

Organizações do porte dos Correios não podem simplesmente ser entregues a partidos políticos e nem ter seus dirigentes indicados por políticos ou por grupos de interesse. Os dirigentes devem ser devidamente selecionados entre executivos com grande experiência e adequada qualificação para a missão que desenvolverão. E essa qualificação vai muito além da régua rasa estabelecida pela Lei nº 13.303/2016, pois o desafio de liderar bem uma organização desse porte é muito maior, por exemplo, do que o exercício de uma função de DAS-4 no Governo Federal. 

Finanças

Decisões tomadas pelo acionista em períodos anteriores impactaram fortemente a situação econômico-financeira dos Correios. Retirada excessiva de dividendos, represamento tarifário em período eleitoral e abrupta contabilização das despesas de pós-emprego explicam a inversão de resultados vivida pelos Correios a partir de 2012. O novo governo e a nova direção da Empresa precisam compreender muito bem os efeitos desses três fatores, que teriam dizimado outras organizações se lá ocorressem simultaneamente. Após isso, estarão em condições de avaliar medidas para corrigir a situação.

Operações

A qualidade operacional está no DNA da Empresa, que nasceu em 1969 sob forte comando e disciplina. Isto precisa ser bem compreendido pelo governo e, principalmente, pelos dirigentes que vierem comandar a Empresa. As decisões estratégicas da Empresa precisam estar orientadas a sempre resguardar a manutenção da qualidade, pois qualquer outro caminho acaba produzindo resultados piores para a organização e para a sociedade.

Negócios

Todas as organizações postais do mundo passam por uma mudança importante, com a progressiva redução da comunicação em papel, por um lado, e o crescimento do comércio eletrônico, por outro. No caso brasileiro, como os Correios já detinham posição de liderança no envio de pequenas encomendas, com seus serviços SEDEX e PAC, a Empresa chega bem posicionada a esse momento e com grande possibilidade de superar facilmente as reduções de volumes em alguns serviços.
Importante lembrar que uma nova direção terá também a seu favor as possibilidades já abertas com a Lei nº 12.490/11, que ampliou o objeto da Empresa e possibilitou sua atuação no exterior. 

Concluindo, diríamos que, diferentemente do que enxergam alguns, os Correios não constituem um problema a ser resolvido pelo novo governo, mas sim uma infraestrutura pública valiosa que pode apoiar muito mais a execução de políticas públicas e alavancar fortemente os negócios de empresas de todos os portes, com ênfase no comércio eletrônico.  Uma "joia da coroa", que merece atenção e boa administração.

sábado, 4 de agosto de 2018

Mensagem para o candidato Jair Bolsonaro

Mensagem enviada para o candidato Jair Bolsonaro, em decorrência de menção aos Correios, em programa da Globo News de 03/08/2018

Ilmo Sr Jair Bolsonaro,

Em sua entrevista à Globo News, o Sr, ao responder uma indagação sobre privatizações de estatais, disse que “os Correios lamentavelmente não têm jeito” e, pouco depois, que, “no governo do PT foram criadas em torno de 50 estatais e quase todas serviram basicamente para alocar companheiros”.

Como funcionário de carreira dos Correios, gostaria, então, de apresentar-lhe alguns argumentos para demonstrar que os Correios têm jeito sim. E que esse jeito é extremamente simples.

Inicialmente, é importante dizer que os Correios são a instituição pública mais antiga do país. Ao longo de seus mais de 350 anos de existência, os Correios foram uma infraestrutura fundamental para a integração e segurança nacional. E hoje constituem a base principal onde se desenvolve, de forma pujante, o comércio eletrônico brasileiro.

Na avaliação da população, os Correios estão no topo do ranking de confiança, logo depois da família e dos bombeiros.

Por que, então, uma instituição assim não tem jeito? Tem sim.

Se a causa da conclusão apresentada for o recente quadro econômico-financeiro da Empresa, posso lhe assegurar que vivemos as consequências de decisões equivocadas de nosso único acionista, o Governo Federal, que descapitalizou a Empresa, com retiradas excessivas de dividendos, represou tarifas e não preparou suas estatais, Correios incluído, para uma mudança de contabilização de despesas do chamado pós-emprego que têm feito estragos na contabilidade de inúmeras grandes organizações mundo afora. Apesar da gravidade desses fatos, os Correios ainda estão de pé e reagindo, enquanto outras organizações, se vivessem esses fatos simultaneamente como ocorreu aqui, teriam certamente encerrado suas atividades.

Se a causa for a queda de qualidade da prestação dos serviços postais, também tenho uma informação a oferecer: esse quadro já mudou e continua melhorando. As metas de qualidade dos serviços de encomendas nacionais já estão sendo batidas diariamente e as de cartas e de encomendas internacionais melhoraram substancialmente. Caso o Sr não tenha diretamente usado esses serviços nas últimas semanas, poderá conferir conversando com seus familiares e amigos, afinal todos os brasileiros acabam usando alguns dos serviços dos Correios.

Então está tudo bem e resolvido nos Correios? Não. Ainda não. E o senhor tocou no ponto que precisa ser resolvido para os Correios terem jeito. Trata-se de eliminar da Empresa a prática do aparelhamento político-partidário. Os Correios precisam ser dirigidos e geridos por técnicos e não por indicados políticos, “companheiros” em suas palavras.

Concentre-se na solução desse problema, a qual é bem simples, e, se eleito, o Sr poderá dizer, sem titubear, que o país que dirige conta com um dos melhores correios do mundo, uma infraestrutura vital para integração e segurança nacional e uma imensa alavanca para a economia, desde o pequeno comércio eletrônico até as grandes exportadoras.

Atenciosamente,

Marcos César Alves Silva
membro do Conselho de Administração dos Correios
eleito pelos trabalhadores

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Mensagem para o candidato Geraldo Alckmin

Mensagem enviada ao candidato Geraldo Alckmin, em decorrência de menção aos Correios em programa da Globo News de 02/08/2018:


Brasília, 03 de agosto de 2.018
Ilmo Sr Geraldo Alckmin,
Assisti com atenção sua entrevista à Globo News, ocorrida no dia 02/08.

Fiquei extremamente satisfeito em saber de sua escolha para Vice-Presidente, pois admiro muito o trabalho e os posicionamentos da Senadora Ana Amélia.

Também gostei de muitas ideias e projetos que o Sr comentou, ao responder as questões que lhe foram formuladas pelos jornalistas.

Uma das respostas, porém, me preocupou, pois creio que talvez o Sr tenha recebido informações incompletas ou enviesadas sobre os Correios. Não há razão para a logomarca dos Correios ser retirada de sua jaqueta, como procurarei demonstrar a seguir.

Em todos os países do mundo, os Correios constituem uma infraestrutura muito importante para o Estado. Na atualidade, temos notícia de apenas oito correios que são privados, sendo todos os demais públicos.

O Brasil, com suas dimensões continentais e grandes diferenças regionais, possui características que apontam a natureza pública como a mais natural para os Correios.

Apesar disso, sempre que a qualidade dos serviços postais cai, o tema privatização vem à tona, como se essa fosse a única solução para o problema. Não precisa ser.

Na raiz dos problemas enfrentados pelos Correios está sempre o aparelhamento político-partidário, o mal que o Sr disse, com propriedade, que erradicará das agências reguladoras. Por que não fazer então o mesmo com os Correios?

Faça um teste. Coloque na direção dos Correios profissionais com experiência, formação e desempenho comprovados e verá que muito rapidamente todos os problemas que hoje frequentam as páginas de jornais deixarão de existir. Dê-lhes dois anos para trabalhar e confira depois os resultados. Acho que o Sr se surpreenderá. Muito.

Os Correios, ao longo de seus mais de 350 anos de história, construíram uma infraestrutura inigualável, que, bem administrada, pode constituir um valiosíssimo recurso para o desenvolvimento de políticas públicas, à disposição tanto do Governo Federal quanto das demais esferas governamentais. Isso sem contar que essa mesma infraestrutura é vital para alguns setores da economia, como o pujante comércio eletrônico. 

Pode recolocar com segurança e orgulho a logomarca dos Correios em sua jaqueta. Os mais de 105.000 trabalhadores dos Correios sabem fazer seu trabalho, como demonstra a história de sucesso dessa Empresa que está no coração dos brasileiros. Só precisam que os políticos permaneçam em seus gabinetes de trabalho no Congresso, debatendo e editando leis, e deixem que técnicos dirijam a Empresa, sem indevidas interferências. Confie em nós!

Atenciosamente,


Marcos César Alves Silva
membro do Conselho de Administração dos Correios
eleito pelos trabalhadores (Lei nº 12.353/10)  

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Parcerias


Frequentemente os colegas me indagam a respeito da parceria que a Empresa estaria fazendo com a Azul.

Sempre que o tema vem à tona, informo aos colegas o seguinte:

- soube da parceria pela imprensa, como todos os demais ecetistas, ou seja, o assunto não foi previamente submetido ao Conselho de Administração, mas tão somente anunciado pela imprensa pelo então Presidente da Empresa;

- vez por outra o assunto é tratado em apresentações nas reuniões do conselho, sempre de forma bastante geral, como informação, sem deliberação do colegiado;

- minha opinião a respeito de parcerias já foi detalhada em algumas postagens aqui no blog, uma das quais republico a seguir, destacando o seguinte parágrafo:

"Quanto vale, por exemplo, a liderança no serviço expresso brasileiro? Esse valor tem que estar bem estabelecido e ser cobrado de um hipotético parceiro que viesse a atuar em conjunto com os Correios na exploração do serviço de encomendas expressas. Imagino que esse valor alcance alguns bilhões de dólares. O parceiro selecionado deveria arcar com esse pagamento, em dinheiro, como ocorreu com o Banco Postal, ou com outros ativos devidamente avaliados e incorporados à sociedade."

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O desenvolvimento empresarial dos Correios

Nas inúmeras vezes em que pudemos debater com nossos colegas alternativas de desenvolvimento empresarial envolvendo parceiras sempre procuramos explicar que tais iniciativas poderiam ser construídas com a lógica de agregar valor à organização. Isso significava dizer que na parceria nossa marca, nossa capilaridade, nossa logística e outros atributos pesariam na construção da parceria, teriam valor.

E assim foi feito com o Banco Postal, que injetou à época recursos importantes para a modernização da Empresa, especialmente para a construção de nossa rede de dados e de nosso sistema de automação. A Empresa entrou com sua infraestrutura de atendimento.

A mesma lógica poderia ser aplicada a outros novos negócios, distintos dos já operados em larga escala pela Empresa. Poderíamos, por exemplo, pensar em estabelecer parceria com um Operador Logístico, para prestar os serviços típicos desse trabalho, exceto o serviço de encomendas, que já é oferecido em larga escala pela Empresa. Poderíamos pensar em estabelecer parceria para impressão de correspondências, sem envolver a postagem dos objetos, que já faz parte de nosso negócio principal. Enfim, os movimentos seriam feitos para agregar e não para dividir o que a Empresa já tinha construído.

Na atualidade, constato que essa percepção de agregação de valor tem sido ignorada em estudos e mesmo em movimentos feitos pela Empresa e me preocupo com isso. Parece que há instâncias do Governo Federal que preferem pensar em fatiar a Empresa, para dividi-la com entes privados, o que me parece um caminho bem diferente do que vislumbrávamos lá atrás, além de perigoso, quando não se tem o cuidado de avaliar adequadamente o que será colocado pela Empresa na parceria.

Quanto vale, por exemplo, a liderança no serviço expresso brasileiro? Esse valor tem que estar bem estabelecido e ser cobrado de um hipotético parceiro que viesse a atuar em conjunto com os Correios na exploração do serviço de encomendas expressas. Imagino que esse valor alcance alguns bilhões de dólares. O parceiro selecionado deveria arcar com esse pagamento, em dinheiro, como ocorreu com o Banco Postal, ou com outros ativos devidamente avaliados e incorporados à sociedade.

Já no caso de novos serviços que venham a ser agregados ao que a Empresa já faz, a questão da valorização da participação poderia ser estabelecida a partir de um processo de seleção, que permitisse escolher o parceiro que oferecesse a melhor oferta para se associar à Empresa na empreitada, em condições previamente estabelecidas e conhecidas. Nesse caso, poderia não haver pagamento inicial desde que a vantagem para a Empresa estivesse contida na melhor condição comercial na relação que seria então estabelecida. Esse modelo foi usado na modelagem do Correios Celular e na seleção do parceiro.

Em qualquer caso, as parcerias a serem estabelecidas com os Correios ou com qualquer estatal precisam estar bem claramente construídas e explicadas, assim como devidamente alinhadas ao planejamento estratégico da Empresa. Não podem surgir para acomodar interesses do governo ou do partido que controla a Empresa no momento. E nem atropelar leis e normas para favorecer quem quer que seja.

Bem construídas, sem vícios ou direcionamentos, as parcerias comerciais são um caminho importante para as estatais se modernizarem e ampliarem os serviços oferecidos aos brasileiros.