sexta-feira, 13 de maio de 2016

Por que defendemos com tanta ênfase a gestão técnica


Ao longo de minha vida e da carreira na Empresa nunca consegui lidar bem com jeitinhos e politicagem. Penso que as coisas podem e devem ser feitas de forma correta, com clareza e lisura e sem atalhos. Penso também que numa empresa, seja ela privada ou pública, os trabalhadores devam ser reconhecidos por suas qualidades e por seu desempenho e jamais por ligações políticas ou por outras razões alheias a sua vida profissional. E, com relação aos líderes, esses devem ser escolhidos entre os melhores, mais preparados e aptos para conduzir suas equipes. Nada diferente disso.

Infelizmente, em diversas situações a realidade tem se desviado dessa trilha e os efeitos disso vêm, inexoravelmente, nos resultados da própria organização.

Nos Correios, assistimos nos últimos anos a um deliberado desmonte da gestão de pessoas, para substituir a meritocracia por indicações políticas. Processos de estruturação de carreiras que estavam bem evoluídos e que precisavam ser concluídos ou aprimorados foram abandonados. Normas foram alteradas ou flexibilizadas para "facilitar" o acesso às funções por trabalhadores que estivessem "politicamente alinhados". E o resultado veio expresso na desmotivação das pessoas, na queda de qualidade e, finalmente, num balanço deficitário.

Como também ocorre com o Governo, o preenchimento em grande escala de cargos de direção, de gestão e de liderança por indicados políticos em detrimento do uso de critérios técnicos para preencher essas posições é a principal causa dos péssimos resultados que vão surgindo.

Nem o Estado nem suas empresas foram feitos para "acomodar apaniguados". Foram feitos para servir à sociedade e para prestar bons e efetivos serviços aos cidadãos. E, para isso, precisam de bons servidores, selecionados por concurso público e devidamente motivados por planos de carreira justos e por sistemas de avaliação que valorizem o bom desempenho. 

Qualquer governo ou direção de estatal que se preze precisa compreender isso e agir para que a meritocracia, o desempenho, a qualificação voltem a ser considerados na escolha de dirigentes, gestores e líderes. Sem isso, continuaremos numa espiral descendente em qualidade e resultados e nem o País nem a Empresa terão futuro.

4 comentários:

  1. Excelentes, sua análise e seu posicionamento!

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  2. Marcos, me preocupa muito é quanto tempo temos para tomar ações de reestruturação que possam reverter o atual quadro. Ações conjuntas e coordenadas, tanto de nīvel estatégico como gerencial e operacional. Urge uma solução.

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    1. Marcos Olci, com uma direção técnica, acredito que possamos reverter rapidamente esse quadro, talvez em dois anos. Sem isso, não vejo como.

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  3. Caro Marcos,

    Afastei-me por intermédio do PDIA em 2014, justamente por não suportar mais ver situações absurdas que aconteceram nos Correios nos últimos 12 anos, sobretudo na área de RH, onde decisões importantes foram tomadas apenas por duas ou três pessoas, sem ao menos ouvir os reclames das Associações dos Trabalhadores (Assistentes de Administração, Advogados, Engenheiros etc..). Eu e dezenas de colegas da ECT que possuíamos o cargo em extinção de Assistente de Administração III, com salário e obrigações profissionais iguais aos Técnicos Seniores e até mesmo a cargos de nível superior (meu caso), de uma hora para outra fomos transformados em Agentes de Correios...

    O resultado foi uma tragédia profissional para um grupo de orgulhosos profissionais que trabalhavam como Inspetores Regionais nas Gerencias de Inspeção (naquela altura executando atividades semelhantes à Auditoria), que pretendiam continuar carreira no único órgão puramente técnico existente na ECT, naquele segundo semestre de 2010...

    Uma das condições exigidas para permanecer no grupo, além do desempenho profissional, era simplesmente o cargo! Não importava para o imperador Silas (chefe da Audit na época) que o sujeito possuísse formação superior, tivesse especialização ou se preparava para realizar outra especialização em Auditoria na FGV (o meu caso). Se não estivesse enquadrado no mínimo como Técnico, seria descartado...

    Confesso que ao sair da área de Auditoria, embora sem qualquer perda financeira, posto que fomos convidados a integrar a área de segurança operacional que estava sendo criada, minha desmotivação foi total. Confesso que levei um bom tempo para me recuperar e confesso que nunca cheguei ao nível motivacional que tinha na Ginsp/Audit...

    Foi duro ver durante esse período um bando de incompetentes, fanfarrões e aproveitadores se locupletando das melhores funções.... Foi duro de olhar para trás e perceber que eu e mais um grupo de colegas pelo Brasil afora estávamos sendo afastados da área de que tanto gostávamos pelo simples fato de termos virado Agente de Correios, enquanto centenas de outras pessoas, na mesma ECT, independente de serem Carteiros, Atendentes e Manipulantes sem qualquer experiência profissional, de uma hora para outra, virarem Assessores, Gerentes de área, Adjuntos, Coordenados e até Diretores Regionais... Foi duro ver os Manuais da ECT serem alterados para acomodar essa cambada....

    Desculpem o desabafo, mas serve de alerta para os que ficaram. Serve de acerta para você MARCOS, exigir que os Manuais da empresa voltem para o que era antes. As Funções de Confiança de caráter estratégico e tático, não podem e não devem ser exercidas por pessoas sem o devido enquadramento de cargo, sob pena de tais chefias e/ou lideranças serem eternamente contestadas. A ECT era assim e funcionava muito bem....

    Por ultimo, sugiro envidar esforços para que os novos dirigentes passem a ouvir mais as Associações de classe da ECT e não apenas esses sindicatos desqualificados, que visam pura e simplesmente o abarcamento do poder meramente por questões pessoais.

    Chegou o momento e esta é a HORA!!!

    Edson Jaqueira

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